Festival Monsters of Rock – 20-10-2013 – São Paulo (Arena Anhembi)

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Texto por André Luiz – Fotos por Stefan Solon (XYZ Live) – Edição por André Luiz

Exatos quinze anos depois, o Brasil voltou a sediar o aclamado Monsters Of Rock. Criado em 1980 na Inglaterra, o festival caracterizado por reunir APENAS nomes do meio hard-heavy (diferente de outros festivais que levam “rock” no nome), ocorreu pela quinta vez na cidade de São Paulo, na Arena Anhembi, divididas em duas noites conforme gênero das bandas: dia 19 se apresentaram os nomes da cena alternativa Slipknot, Korn, Limp Bizkit, Killswitch Engage, Hatebreed e Gojira; já dia 20 foi dedicado ao meio hard rock com Aerosmith, Whitesnake, Ratt, Buckcherry, Queensrÿche (featuring Geoff Tate plus guests), Dokken, Dr Sin e Doctor Pheabes. Além dos nomes citados, o Monsters contou com a presença do mestre de cerimonia Eddie Trunk (apresentador do programa That Metal Show do canal VH1), além de uma ampla estrutura contando com variados stands, dando uma cara diferenciada ao evento.

Após o dia 19 ( Link aqui ) dedicada ao metal alternativo com um público predominantemente jovem, chegamos ao dia 20 no qual encontramos tanto faixa etária quanto sexo dos presentes mais variado, afinal de contas o hard rock alcança seguidores em todas demais vertentes do metal, porém o mesmo público variado nem sempre demonstrava conhecimento das bandas que formavam o cast. A estrutura do local incluiu diversos stands com apresentações de bandas nacionais, pequenos bares, comércio de roupas e acessórios, exposição de fotos enfatizando edições anteriores do próprio Monsters, um clima diferente dos shows habituais nos quais presenciamos apenas comércio destinado à degustação e merchandising das bandas headliners. A estrutura de palco e som também se destacaram porém não apenas pela primazia: notoriamente identificava-se um delay entre o telão e o executado no palco, da mesma forma havia presença de uma rampa central pista a dentro a qual era restrita ao Aerosmith (Dokken e Buckcherry foram as únicas a contrariar regras e invadir este espaço), já o som mesclou ótimos momentos quanto a qualidade/volume com outros de som um tanto quanto embolado e instrumentos inaudíveis (leia-se equalização dos instrumentos).

Relatos sobre estrutura do local e line up a parte, um fator primordial marcou presença no segundo dia de apresentações do Monsters: o calor intenso. E contra este ponto além da presença de público pequena (shows iniciaram às 12h), as primeiras bandas começaram suas performances no palco montado para o festival. Debutando na Arena Anhembi, a Electric Age formada por Junior Rodrigues (vocal), Luiz Felipe Cardim (guitarra), Otavio Cintra (baixo) e Rafael Nicolau “The Boss” (bateria) marcaram presença como indicados por votação popular, demonstrando ao público durante trinta minutos as faixas de seu primeiro EP intitulado “Good Times Are Coming”. Na sequência, a Dr. Pheabes formada pelos amigos de infância Fábio (baixo), Paulo (bateria), Fernando (guitarra) e Eduardo (vocal) executaram seu set durante o mesmo período de tempo que a banda anterior, porém devido aos anos de estrada, juntaram um público levemente superior em termos de quantidade (atraídos também pelo arremesso de camisetas e cd’s).

Apresentada pelo mestre de cerimonias Eddie Trunk, a banda Dr. Sin lidou com alguns problemas na parte de som inicialmente, mas logo a tônica do show voltou a ser a qualidade sonora executada por Eduardo Ardanuy e pelos irmãos Andria e Ivan Busic. Em sua segunda participação no festival (estiveram presentes na edição de 1994), o power trio paulista apresentou durante os 45 minutos de seu set faixas como “Fly Away”, “Fire”, “Time After Time” e “Miracles” com participação de Demian Tiguez (Anjos de Resgate), encerrando a performance com a presença de Edu Falaschi (Almah) em “Emotional Catastrophe”. Devido aos anos de estrada, a receptividade do público fora maior do que a das bandas anteriores.

Iniciando o cast estrangeiro no palco do Monsters com cerca de dez minutos de atraso, o ícone do hard rock oitentista Dokken, devidamente apresentado por Eddie Trunk, debutou em solo brasileiro. A banda conhecida pelos anos áureos de sucessos e brigas entre o líder Don Dokken e o mestre da guitarra George Lynch, apresentou-se no festival com o vocalista que dá nome ao conjunto, outro integrante dos tempos de sucesso do Dokken Mick Brown (bateria), além de Jon Levin (guitarra) e Sean McNabb (baixo). Petardos como a trinca “Into The Fire”, “Breaking The Chains” e a balada “Alone Again” e o encerramento marcante com “Tooth And Nail” infelizmente não foram prestigiadas por conta de uma situação a qual ocorreria novamente em alguns momentos do festival: o desconhecimento de grande parte do público das bandas do cast. Sobre a banda em si, o destaque tanto positivo quanto negativo fica por conta do líder da banda: se por um lado Don Dokken demonstrou carisma na interação com o público abordando o fato de esperarem trinta anos para se apresentar no Brasil e a invasão da passarela central afirmando que fazia o que quisesse e ninguém diria a ele o que fazer (recado nítido a orientação de evitar o local), como também pela potência de sua voz prejudicada pelo passar dos anos devido excessos e problemas de saúde.

Kiss Of Death
The Hunter
Standing On The Outside
Into The Fire
Breaking The Chains
Alone Again
In My Dreams
Tooth And Nail

Após nova arrumação de palco, era chegado o momento do retorno do Queensryche ao Brasil, ou melhor, de parte da banda. Devido a uma briga judicial entre os integrantes pelo nome do grupo, tanto o vocalista Geoff Tatte e sua trupe quanto os demais músicos com Todd La Torre como frontman montaram, suas respectivas agendas de shows utilizando o nome Queensryche (conforme informações na internet, a definição quanto ao verdadeiro “dono” dos naming rights da banda sairá apenas em 2014). Explicada a situação, Geoff Tatte reuniu músicos do quilate de Rudy Sarzo (baixo), Simon Right (bateria), Robert Sarzo (guitarra), Kelly Gray (guitarra) e Randy Gane (teclados) para apresentar na Arena Anhembi um set de quarenta e cinco minutos enfatizando os clássicos do Queensryche como “Breaking The Silence”, porém mesmo numeroso junto ao palco, o público tornou-se participativo a partir do clássico “Silent Lucidity” (precedido por um breve discurso de Tatte sobre o significado da música e momentos marcantes contados para ele tendo esta faixa como trilha sonora). A partir de então, a trinca “Jet City Woman”, “Empire” e “Eyes Of A Stranger” entrou em cena com o jogo ganho junto à plateia, a recepção gelada (mesmo em meio ao forte calor acima dos trinta graus) deu lugar a um clima mais morno.

Best I Can
Breaking the Silence
Cold
Another Rainy Night (Without You)
Big Noize
The Mission
I Don’t Believe In Love
Silent Lucidity
Jet City Woman
Empire
Eyes Of A Stranger

Eddie Trunk novamente entre em cena no telão com a responsável pela performance seguinte. Josh Todd (vocalista), Keith Nelson e Stevie D. (guitarra), Xavier Muriel (bateria) e Kelly LeMieux (baixo) subiram ao palco levando o Buckcherry a seus primeiros acordes no Brasil, com uma sonoridade arremetendo a um hard um tanto quanto despojado, flertando com punk, uma mescla de Crash Diet com Guns N’ Roses oitentista para os mais desavisados. E logo na entrada, o citado estilo “despojado” dos músicos animou o público visivelmente mais do que as clássicas bandas anteriores. Josh Todd percorreu toda extensão do palco e assim como Don Dokken invadiu a passarela central, insinuou-se aos presentes, demonstrou ser um frontman performático, destacando-se assim como as faixas “All Night Long”, “Sorry” e principalmente o encerramento com “Crazy Bitch”, durante os sessenta minutos de set da banda que podemos citar (sem problemas) como grata surpresa do Monsters 2013.

Lit Up
Rescue Me
All Night Long
Broken Glass
Everything
Sorry
Dead
Porno Star
Ridin’
Gluttony
Nothing Left But Tears
Crazy Bitch

Era chegado o início da noite, a primeira com horário de verão em vigência de 2013, quando Stephen Pearcy (vocal), Warren DeMartini e Carlos Cavazo (guitarra), Juan Croucier (baixo) e Bobby Blotzer (bateria) adentram ao palco com o RATT. Contando com um som exageradamente alto prejudicando a audição da voz de Pearcy e embolando os instrumentos (situação amenizada com o passar do show, mas não resolvida), os principais clássicos da banda californiana deram as caras. O frontman por sua vez fora o destaque da banda, seja pelas incontáveis menções aos “fuckers” da plateia, seja pelo questionamento sobre quem gostaria vê-los novamente no Brasil em breve (respondido positivamente pelo público), o certo é que petardos como “Nobody Rides For Free” e “Round And Round” além da guitarra pele de cobra de Warren DeMartini breve devem retornar aos palcos brasileiros para uma performance além dos quarenta e cinco minutos apresentados no Monsters, que levantaram os presentes.

Wanted Man
I’m Insane
In Your Direction
You Think You’re Tough
Way Cool Jr.
Nobody Rides for Free
Lack of Communication
Lay It Down
You’re in Love
Body Talk
Back for More
Round and Round

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Finda a performance do RATT, a noite trouxe um refresco aos que sofreram durante toda tarde com o sol intenso, mas deram lugar a dificuldade para se chegar mais próximo ao palco. Whitesnake e Aerosmith sem sombra de dúvida tratavam-se das bandas mais aguardadas do segundo dia de Monsters e a presença de público exatamente nos momentos que antecederam a co-headliner da noite se fazia intensa, a locomoção na pista da Arena Anhembi tratava-se de tarefa árdua, mas quando Eddie Trunk e David Coverdale surgiram no telão para entrevista inicial ocorreu o ápice do corre-corre. “Não, nossas músicas não falam sobre amor, falam sobre f***”, o frontman nem subiu ao palco e já causou alvoroço com esta declaração, e sua camisa personalizada com a bandeira do Brasil contendo o símbolo do Whitesnake demonstrava o apreço deste pelo país.

Fim de espera, Coverdale adentra ao palco da Arena Anhembi ao lado de Doug Aldrich e Reb Beach (guitarra), Michael Devin (baixo) e Tommy Aldridge (bateria), e ao som de “Give Me All Your Love” levanta a plateia, faixa esta emendada com “Ready An’ Willing”. O gestual obsceno e malabarismos com microfone além de perambular pelo palco de ponta a ponta foram características marcantes da atuação de Coverdale durante os noventa minutos de show, assim como as enormes sequencias de solos dos demais integrantes, com destaque ao duelo de guitars e o sempre especial Mr. Aldridge (um polvo na bateria com sua exuberante cabeleira). O fato é que em meio ao set apostando em clássicos, os longos solos serviram de pausa para descanso do público presente (após o momento romântico de “Love Ain’t No Stranger” e “Is This Love” com uníssono dos presentes), intercalados entre as músicas “Slide It In / Slow An’ Easy”, “Love Will Set You Free”, “Pistols At Dawn” e “Steal Your Heart Away”.

Nova gama de momentos marcantes cercaram “Fool For Your Loving”, os uivos de Coverdale que precederam “Bad Boys” arrancando risos da plateia, a emoção transpirada em “Here I Go Again” e logicamente, se os instrumentistas tiveram seus respectivos solos, faltava o frontman: o que ocorrera em “Still Of The Night” e o clássico “Soldier Of Fortune” do Deep Purple cantado a capela. Desfecho da apresentação, os petardos dos tempos áureos de Deep Purple: “Burn” bradada a plenos pulmões pelos presentes, com a inclusão de um trecho de “Stormbringer” a exemplo do que ocorrera nos últimos lançamentos ao vivo do Whitesnake. Destaque para qualidade do som e ao diferencial que o telão ao fundo do palco trouxe junto ao anoitecer (durante o dia com sol devastador e facilidade para se chegar próximo ao palco, tanto este telão quanto os dois laterais não recebiam o mesmo destaque).

Give Me All Your Love
Ready An’ Willing
Love Ain’t No Stranger
Is This Love
Slide It In / Slow An’ Easy
Love Will Set You Free
Pistols At Dawn
Steal Your Heart Away
Fool For Your Loving
Bad Boys
Here I Go Again
Still Of The Night
Soldier Of Fortune “a capela” (Deep Purple)
Burn / Stormbringer / Burn (Deep Purple)

Aproximava-se do show de encerramento do Monsters e os primeiros comentários a respeito do festival podiam ser ouvidos. Logicamente, após a grande performance do Whitesnake o sentimento de ecstasy de muitos era evidente, porém pela primeira vez pude observar preocupações quanto ao horário. Ora, conforme cronograma da XYZ o Aerosmith deveria subir ao palco às 22h35m, porém apenas às 23h05m Eddie Trunk surge no palco para anunciá-los. Por se tratar de um domingo, véspera de início de semana, transporte público encerrando atividades às 0h, fatores os quais combinados resultaram em 5-10% do público deixando a Arena Anhembi e a maioria esmagadora se aglomerando definitivamente junto ao palco para apreciar os americanos on stage.

Continuando, inicia-se a entrevista no telão, ao fim Eddie Trunk novamente aparece no palco e agradece a presença de todos, as luzes se apagam e em meio a uma música estilo hip hop americano, surgem no final da passarela central da Arena Anhembi Steven Tyler (vocal) e Joe Perry (guitarra), enquanto David Hull (baixo, substituindo Tom Hamilton afastado por problemas de saúde), Joey Kramer (bateria) e Brad Whitford (guitarra) aparecem no palco, iniciava-se a execução de “Back In The Saddle” para alvoroço geral, seguida por outro clássico do Aerosmith, “Love In An Elevator”.

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O set com duas horas de duração abrangeu temas de toda carreira da banda, clássicos como “Dude (Looks Like A Lady)”, “Rag Doll”, “Cryin’”, “Last Child”, “Eat The Rich” e “What It Takes”, faixas recentes como “Oh Yeah” (única do último álbum “Music From Another Dimension!” executada), hits como “Pink”, “Jaded”, “Livin’ On The Edge” e o tema do filme Armageddon “I Don’t Want To Miss A Thing”, além de “Boogie Man”, “Combination”, “No More No More” e na versão para “Come Together” dos Beatles, finalizando a primeira parte com a faixa que marcou o retorno as paradas norte-americanas no início dos anos 80, “Walk This Way” (com direito a beijo de Tyler em uma mulher no palco).

Pontos a se destacar: a passarela central exclusiva para o Aerosmith totalmente iluminada e o telão de fundo interagindo entre imagens dos integrantes ao vivo e ilustrações diversas, além da qualidade impecável do som. Já quanto aos integrantes, Joey Kramer e Brad Whitford desfilaram competência assim como David Hull substitui o baixista original à altura, mas não há como deixar de destacar a performance caricata de Steven Tyler e o ícone da guitarra Joe Perry. Quanto ao set, bem, como o Metal Revolution esteve presenta na cobertura das apresentações do Aerosmith em Curitiba e Rio de Janeiro, sentimos nitidamente a falta de “Mama Kin” e “Crazy”.

Após uma breve pausa e gritos do público, o retorno para o bis conta com um piano na passarela central, no qual Tyler dá um show a parte com o clássico “Dream On”, ápice da apresentação, seguida pela intro no baixo e a execução da faixa derradeira da noite “Sweet Emotion”. Fumaça e chuva de papel marcam o final apoteótico da performance e do festival Monsters Of Rock em São Paulo, o qual promete retornar com força total na anunciada próxima edição.

Back In The Saddle
Love In An Elevator
Toys In The Attic
Oh Yeah
Pink
Dude (Looks Like A Lady)
Rag Doll
Cryin’
Last Child
Jaded
Boogie Man
Combination
Eat The Rich
What It Takes
Livin’ On The Edge
I Don’t Want To Miss A Thing
No More No More
Come Together (The Beatles)
Walk This Way
Bis
Dream On
Sweet Emotion

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