Steven Wilson – 20-03-2016 – São Paulo (Carioca Club)

Steven Wilson - SP - mar-2016 - por Edi Fortini VIIITexto por Leko Soares – Fotos por Edi Fortini – Edição por André Luiz

“FINALMENTE”! Mais que uma simples palavra, um sentimento.  Foi assim que Steven Wilson iniciou sua comunicação com o bom número de presentes no Carioca Club durante a única e tão aguardada apresentação no Brasil da tour “An Evening With Steven Wilson – Hand. Cannot. Erase. – South America 2016” em promoção ao seus mais recentes trabalhos solo, o full lenght ‘Hand.Cannot.Erase’(20015) e o EP ‘4 ½’.

Retornando após um hiato de três anos, o “finalmente” de Steven soou como uma nova conquista para a galeria do premiado músico inglês, vencedor de três prêmios no “London Progressive Music Awards” e com quatro indicações ao Grammy, que havia passado praticamente despercebido pelo país nas últimas vezes em que aportou por aqui, sem, segundo suas próprias palavras, “entender o que havia feito de errado”,  já que sua música conta com a admiração crescente de uma legião de fãs na América do Sul, sobretudo no Chile e na Argentina.

Esse sentimento de triunfo com certeza se multiplicou dentre o aficionado público presente, já que boa parte era formada por “garimpeiros” que encontraram o diamante já lapidado presente na discografia do músico há menos de 3 anos, quando de sua última passagem por aqui. O tamanho do público presente no último domingo representa a escalada que a carreira solo de Steven John Wilson tem alcançado após o lançamento de seus dois últimos álbuns, ‘The Raven that Refuse to Sing (…and other stories)’ (2013) e ‘Hand.Cannot.Erase’(2015), aclamados pela crítica especializada do mundo todo e já presentes em listas de melhores álbuns de progressivo de todos os tempos por diversas publicações do gênero.

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Mas vamos ao show. Precisamente às 19h04m, o loop do synth de Adam Holzman iniciava uma jornada de 2 horas e meia de música contemporânea da melhor qualidade. A primeira parte do concerto se moldou na apresentação integral do último álbum, já referendado por alguns como o “The Wall da Geração Facebook”. Referências à parte, é notável perceber como H.C.E. ganhou força e relevância entre os fãs da banda em tão pouco tempo, a ponto de sua execução na íntegra não se tornar em nenhum momento, enfadonha ou com altos e baixos. Ao contrário, pode-se afirmar que a sequência das 11 músicas que integraram a primeira parte do show foram acompanhadas com entusiasmo e reverência pela grande maioria dos presentes. Em destaque, cabe citar a magistral “3 Years Older”, que alternou ao longo de seus mais de 10 minutos, entre a sutileza atmosférica do Gênesis e a técnica progressiva do Rush, sem contudo, nem de longe, parecer cópia de uma das duas bandas.

A sequência com a faixa título e “Perfect Life” – esta última funcionando muitíssimo melhor ao vivo do que no próprio álbum – serviram como preparação de terreno para um dos carros chefes do álbum, a espetacular “Routine”. Tridimensionada após o lançamento de seu vídeo oficial no ano passado, esta pode ser apontada atualmente, como uma das mais belas músicas da carreira de Steven Wilson, uma ode a melancolia, mas além disso, uma verdadeira aula de dinâmica e feeling em cima do palco. Aliás, dinâmica é um trunfo importante na sonoridade atual do músico que entregou em doses certeiras um “tanto disso” durante todo o espetáculo.

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Outros grandes momentos da primeira parte ficaram por conta da progressista “Ancestral”, alicerçada em variações de uma pulsação densa e hipnotizante, com destaque para a seção rítmica liderada por Nick Begs (baixo) e Craig Blundell (bateria), e “Regret #9” com seu solo épico, criado por Guthrie Govan e executado à perfeição por Dave Kilminster. Cabe aqui um parênteses para falar do respeito que o atual guitarrista, figura presente em bandas de nomes do Olimpo do Rock Progressivo (Roger Waters, Keith Emerson, Carl Palmer, John Wetton e Ken Hensley) demonstrou pela construção melódica dos solos de Guthrie Govan, demonstrando que entendeu perfeitamente sua importância na fluência musical da obra em questão. A primeira parte do show se encerrou com a balada “Happy Returns”, destilando extremo bom gosto e inteligência na construção de arranjos em cima de uma base simples (C, D, Em), mas capaz de arrancar lágrimas de boa parte dos presentes.

Após um breve intervalo, iniciou-se a segunda parte do show, calcada em uma seleção de clássicos das bandas pelas quais Steven Wilson passou ao longo da carreira. O início com “Drag Ropes”, faixa do Storm Corrosion (projeto de 2012, em parceria com o líder do Opeth, Mikael Akerfeldt), crescue imensamente ao vivo, tendo como ápice o arranjo de vozes divididos entre Steven, Nick Beggs e Dave Kilminster. Na sequência, “Open Car”, do maravilhoso ‘Deadwing’ (2005), foi a primeira do Porcupine Tree a ser executada na noite, que ainda contaria com as músicas “Lazarus”, “Sleep Together”, “Don’t Hate Me” e “Sound Of Muzak”. Destas, destaque para as duas últimas. “Don’t Hate Me”, re-arranjada para o EP ‘4 ½’, ganhou um acento jazz ainda mais memorável que a versão original presente no álbum ‘Stupid Dream’, de 1999; “Sound Of Muzak”, única faixa executada do clássico ‘In Absentia’ (2002) teve seu refrão cantado em uníssono pela plateia, para deleite de um comunicativo Steven Wilson, já arrebatado totalmente no dado momento pela interação do público com sua obra. Coube ainda a execução de “Space Oddity”, uma mais que bem vinda homenagem a David Bowie, falecido no começo do ano, ídolo e  referência constante à imprevisibilidade musical de Steven Wilson.

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Após tantos clássicos contemporâneos do Prog (Rock, Metal, Pop etc), a apoteose de uma noite perfeita ainda reservava para o final a execução da já clássica “The Raven That Refuse To Sing”. Pouco a se falar dessa música além de que já se tornou a principal insígnia de uma carreira que se consolida a cada ano como uma jornada rumo ao inesperado e a aguçada sensibilidade de uma mente que não se prende ao convencional ou ao modismo do mercado musical, para o deleite daqueles que ainda dão à verdadeira música a sua devida reverência. Agradecimentos à Liberation Music e Costabile Jr. pela produção do evento e credenciamento de nossa equipe.

Line-up:
Steven Wilson – guitarra, vocais, teclados
Dave Kilminster – guitarra
Nick Begs – baixo
Adam Holzman – teclados e sintetizadores
Craig Blundell – bateria

Set List Steven Wilson:
First Regret
3 Years Older
Hand Cannot Erase
Perfect Life
Routine
Home Invasion/Regret #9
Transience
Ancestral
Happy Returns
Ascendant Here On

Drag Ropes
Open Car
My Book of Regrets
Index
Lazarus
Don’t Hate Me
Vermillioncore
Sleep Together
Space Oddity
Sound Of Muzak
Raven That Refust To Sing

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