Lançamento
do álbum The 7th Dimension, show de abertura para o Dream
Theater após escolha do próprio Mike Portnoy, Hugo
Bertolaccini substituindo tecladista do Thessera na Holanda, são
muitas as novidades do Deventter para este 2008. Conheça
melhor o trabalho desta banda, originada em Campinas, que segue
a escola do prog metal e alcança atualmente uma boa visibilidade
na cena nacional com muitos elogios por parte da imprensa brasileira
e a possibilidade de uma tour nacional/internacional. Entrevista
exclusiva do Metal Revolution com todos membros da banda.
Thiago
Rahal - Primeiro, gostaria de agradecer por essa entrevista e
elogiar pela conquista que vocês obtiveram ao serem reconhecidos
pelo Mike Portnoy e Dream Theater. Não vamos falar somente
sobre isso, mas como foi para a banda a noticia de ter sido escolhida
para abrir o show dos americanos em Belo Horizonte?
Danilo Pilla - É
um prazer, Thiago. Quando recebemos o email do Mike Portnoy, ficamos
eufóricos. Foi uma mistura de realização
com a certeza de que a partir daquele momento muita coisa iria
mudar para o Deventter. Realmente, foi uma recompensa de todo
nosso trabalho e a certeza de que valeu muito a pena todo o nosso
esforço.
Thiago - Sempre rolam aqueles
boatos que as bandas brasileiras pagam grana alta para abrir shows
de bandas internacionais. Gostaria que vocês falassem sobre
isso...
André Marengo - Todo mercado possui características
diferenciadas dos demais. E o que nos chama mais a atenção
no meio musical é o companheirismo, as amizades que estamos
fazendo, a paixão pela música e pela expressão
de sentimentos através da arte, com algo que seja realmente
verdadeiro. O dinheiro é conseqüência de um
trabalho bem feito. E o reconhecimento também. Mas infelizmente,
algumas bandas extrapolam esse limite. No caso da abertura do
show do Dream Theater em BH, como citamos acima, o que nos deixou
extremamente felizes foi o fato de sermos escolhidos pelo próprio
Mike Portnoy! Não houve nenhum dinheiro envolvido. Essa
foi uma atitude digna do Portnoy, da qual seremos eternamente
gratos. Que isso sirva de exemplo a algumas bandas.
Thiago - Conhecendo um pouco
a carreira do Dream Theater e seus integrantes, vejo que eles
sempre se mostraram exigentes quanto as suas bandas de abertura.
Isso prova que desde o começo ele viu o que eu também
vi em vocês, muita qualidade e propostas inovadoras. Quais
eram as suas principais propostas e intenções ao
formar o Deventter?
Hugo Bertolaccini - A mesma do que muitas outras bandas
quando formadas enquanto os integrantes ainda são muito
jovens: ser como nossos ídolos! Naquela época não
tínhamos muita noção do que era e do que
viria a ser o Deventter, apenas queríamos ser como os nossos
ídolos. À medida que o tempo foi passando, fomos
crescendo, evoluindo como pessoas e como músicos. Ficamos
mais críticos, aprendemos a diferença entre “ser
igual aos seus ídolos” e “ter a influência
de seus ídolos”. Isso influenciou e influencia muito
nossa maneira de compor e trabalhar com a banda.
Thiago - Como vem sendo a
repercussão do disco no Brasil e no Exterior?
Felipe Schäffer - A repercussão tem sido
ótima. O trabalho está apenas começando,
mas já recebemos resenhas ressaltando muito a qualidade
musical da banda, tanto no Brasil quanto no exterior. A aceitação
tem sido muito boa. Em nosso país, a maioria das resenhas
criticou muito a cena brasileira, e isso nos chamou a atenção
para o fato de que devemos trabalhar bastante não só
pela banda, mas pela cena em geral. È uma batalha diária.
Quanto ao exterior, o Hugo, que substituiu o tecladista do Thessera,
Rodolfo Amaro, no primeiro show da turnê européia
deles, no ElsRock Open Air 2007, na Holanda, festival que contou
com bandas como Nevermore, Dream Evil, etc., sentiu a receptividade
de críticos renomados quanto à nossa sonoridade.
E isso foi muito gratificante.
Thiago -
Em minha resenha, disse que as várias nuances e contratempos,
foram as principais qualidades que vi em seu álbum. Isso
veio naturalmente por tocarem o chamado prog metal, ou a banda
realmente teve essa proposta desde seu início?
Caio Teixeira - Nós trabalhamos bastante em “nuances
e contratempos” porque gostamos mesmo, e não para
nos adequarmos a um estilo ou outro. Mas não podemos negar
que muitas bandas de Prog Rock/Metal fazem um ótimo trabalho
nesse aspecto e, com certeza, serviram de influência para
banda. Quanto às composições do Deventter,
sinto que, como baterista, minha maior contribuição
musical seja na parte rítmica, portanto, insisto bastante
com a banda para focarmos nisso também, além das
harmonias. E é claro que tenho total apoio, já que
todos na banda gostam bastante dessa “tarefa”. Para
se ter uma idéia, em alguns ensaios, ficamos horas trabalhando
em ritmos, contratempos e outras “brincadeiras” que
num primeiro momento achamos engraçadas e colocamos de
lado mas que depois acabam virando parte de alguma música.
Ouvindo a música “The Longest Day Pt. IV - Depression”,
fica mais fácil entender essas características do
som do Deventter.
André Marengo - O Caio não só está
contribuindo com a parte rítmica, como também está
compondo alguns riffs na guitarra, ou melhor, no seu velho violão.
E acreditem, eles estão ficando muito bons. Bom, eu e o
Pilla vamos ficar de olho. Não queremos perder nosso cargo
na banda!! rs
Thiago - Como é trabalhar
em Campinas, uma cidade do interior paulista, que apesar de ter
uma população relativamente grande, não tem
a mesma influência que São Paulo no cenário
nacional. Quais são os planos da banda nesse quesito?
André Marengo - Nós temos um pequeno estúdio
de ensaio nos arredores de Campinas. E, estrategicamente falando,
é mais fácil para todos nós nos encontrarmos
lá. Afinal, três integrantes são de Campinas
e três de São Paulo. Quanto à cidade de Campinas,
é um grande município com ares de interior. E a
cena por aqui está crescendo, o que é ótimo.
Com certeza, é um grande ponto de partida para o Deventter.
"Quando
recebemos o email do Mike Portnoy, ficamos eufóricos. Foi
uma
mistura de realização com a certeza de que a partir
daquele momento muita
coisa iria mudar para o Deventter. Realmente, foi uma recompensa
de todo nosso
trabalho e a certeza de que valeu muito a pena todo o nosso esforço."
- Danilo Pilla
Thiago
- A produção do disco surpreendeu e ficou muito
boa, apesar de que, achei a bateria bastante abafada. Foi proposital?
Acreditam que não perdemos em nada para outros paises no
que diz respeito aos estúdios de gravação?
Caio Teixeira - Todo
o processo de gravação e mixagem do “The 7th
Dimension” foi muito corrido, tanto por falta de dinheiro,
como por falta de tempo. Todos da banda estudam e/ou trabalham
e, além disso, na época, morávamos em cidades
diferentes (dois em São Paulo Capital e quatro em Campinas),
portanto, não nos víamos muito freqüentemente
antes e durante as sessões de gravação e
de mixagem, que eram feitas em fins de semana. Tudo isso aliado
à pouca experiência que tínhamos em estúdio
comprometeram um pouco as timbragens dos instrumentos e a forma
como gravamos as músicas, principalmente em relação
à bateria, que é um instrumento que precisa de muito
cuidado para ser gravado (microfonação das peças,
ambiência, etc.), até porque não queríamos
usar nenhum tipo de “sound replacer” ou coisas do
gênero. Temos plena consciência de que apanhamos bastante,
mas encaramos tudo como um grande aprendizado e temos certeza
que saímos ganhando com essa grande experiência que
foi gravar o “The 7th Dimension”. O que podemos adiantar
é que, mesmo com pouco tempo e dinheiro e ainda morando
em cidades diferentes, o próximo Cd, que já está
sendo composto, receberá um tratamento especial quanto
às gravações, mixagens e masterização.
A versão que fizemos da música “Eleanor Rigby”,
dos Beatles, disponível para download no myspace da banda,
já demonstra a sonoridade que estamos procurando para o
próximo trabalho do Deventter. Quanto à última
parte da pergunta, acreditamos que o Brasil tem grandes estúdios
e ótimos profissionais na área. Agora que estamos
mais “calejados”, começamos a buscar informações
mais detalhadas sobre estúdios de gravação
e temos encontrado muitas boas opções. No mais,
não podemos negar que gravar um Cd ficou bem mais fácil,
porém continua sendo caro fazer um trabalho à altura
das bandas internacionais que costumamos ouvir.
Thiago
- O disco começa com uma abertura inusitada, de
nome “Birth”, quem teve essa idéia?
Gostei da idéia de passar algo antigo, mas ao mesmo
tempo atual...
Felipe Schäffer - Acabou sendo uma idéia
quase que coletiva. O conceito de origem que o gramofone
traz é muito forte em um contexto musical, uma
vez que foi um dos primeiros aparelhos de som da história.
Quisemos nessa faixa trazer essa idéia para nossa
música e para o conceito do “The 7th Dimension”.
Para isso, gravamos o som de um gramofone que tenho em
casa e mixamos com algumas vozes e mensagens presentes
ao longo do disco. É, portanto, um conceito de
geração da vida, que passa de um mundo espiritual
para um universo ou dimensão material, que a nosso
ver é um processo um tanto quanto conturbado.
Thiago
- “A Paradox Of Self Destruction” se saiu
bem como música abertura, tipicamente prog metal
com partes bem técnicas e interessantes. Ela define
o som do Deventter?
Danilo Pilla - Acredito
que sim, pois é uma música que engloba várias
características da banda. Ela se desenvolve como
um resumo das outras músicas, transmitindo peso,
belas harmonias, “quebradeiras” e refrões
marcantes.
André Marengo - Se escutarem com
atenção o disco, perceberão que várias
faixas estão interligadas. Há melodias de
uma música que aparecem de maneiras diferentes
em outra. E o resultado ficou bem interessante, afinal,
a história do “The 7th Dimension” também
está toda interligada.
Thiago
- Mas o grande destaque para mim é a suíte
de “The Longest Day”. Uma dúvida que
me persiste, quando vocês criam as músicas,
elas saem grandes naturalmente ou faz parte do estilo
ser assim? |
|
Caio Teixeira - Tentamos ao máximo não
limitar nossa criatividade, portanto, quando estamos compondo,
tocamos a música até acharmos que está
boa. Às vezes isso leva uns 18 minutos, que é
o caso da “The Longest Day”; aliás, o
nome caiu bem nela. E uma coisa que os músicos hão
de concordar é que quando se está tocando
os minutos parecem passar mais depressa. Resumindo, elas
saem grandes naturalmente, o que acaba se tornando uma característica
do nosso estilo. |
Thiago -
Uma pergunta para o vocalista Felipe Schaffer. Quais são
suas influências e qual canção teve mais
dificuldade em cantar neste disco, pois na minha opinião
você foi o grande destaque.
Felipe Schäffer - Muito obrigado pelo elogio!
Bom, em termos de dificuldades nós sempre temos que buscar
nossos limites e tentar superá-los conforme podemos.
Na hora de compor as melodias vocais sempre penso naquilo que
se encaixaria melhor tanto em minha textura quanto em meu timbre
de voz. Portanto, em geral é difícil apontar em
quais pontos tive mais ou menos dificuldade pra cantar uma vez
que todas as melodias foram feitas “sob medida”,
digamos assim. Mas pensando bem, acredito que a parte que mais
demorei para gravar foram os refrões da “A Paradox
Of Self Destruction”. Em termos de influências sempre
busco perceber a musicalidade de vocalistas em geral. Presto
muita atenção em como trabalham principalmente
a interpretação do que estão cantando.
Posso dizer que admiro muito o trabalho de vocalistas como Freddie
Mercury, Mike Patton, Bob Mcferrin, Matthew Bellamy, Zach Stevens,
Serj Tankian, o trabalho vocal da banda do Zappa, entre outros
cantores que colocam realmente a alma naquilo que estão
fazendo.
Thiago - Você teria
algum parentesco com Jon Shaffer do Iced Earth, já que
esse sobrenome não seria nem um pouco comum aqui no Brasil?
Felipe Schäffer - Essa pergunta sempre soa engraçada
pra mim. Por incrível que pareça, esse sobrenome
não é tão incomum aqui no Brasil. Mas muitas
pessoas já me fizeram essa mesma pergunta e algumas acabam
até achando que eu uso esse nome justamente por causa
do John Schaffer. Mas esclarecendo, eu não tenho nenhum
parentesco com ele (não que eu saiba). Esse é
realmente meu sobrenome.
"Acabou
sendo uma idéia quase que coletiva. O conceito de origem
que o gramofone traz é muito forte em um contexto musical,
uma vez que foi um dos primeiros aparelhos de som da história.
Quisemos nessa faixa trazer essa idéia para nossa música
e para o conceito do “The 7th Dimension”. (...)
É, portanto, um conceito de geração da
vida, que passa de um mundo espiritual para um universo ou dimensão
material, que a nosso ver é um processo um tanto quanto
conturbado. " - Felipe Schäffer
Thiago - Quais os cinco
melhores álbuns na opinião da banda?
Deventter - Achamos melhor cada um falar um Cd, assim
não brigamos e mantemos a linha democrática da
banda:
Felipe Schäffer - Muse - Absolution
Caio Teixeira - Genesis – Selling England By
The Pound
Danilo Pilla - Dream Theater – Scenes From A
Memory
André Marengo - Metallica – Ride The Lightning
Leonardo Milani - Pain Of Salvation - Be
Hugo Bertolaccini - Grand Funk Railroad - Closer To
Home
Thiago - O que estão
escutando ultimamente e recomendam para seus fãs e público
no geral?
Deventter - Estamos sempre escutando bandas diferentes,
pesquisando músicas, mas o que lembramos no momento foram
as bandas: Freak Kitchen, Slavior, Grand Funk Railroad, Rammstein,
Black Label Society, The Black Crowes, The Decemberists, Muse,
Gov’t Mule, David Gilmour, Serj Buss, etc.
Thiago - Outro fator interessante
está no fato de vocês trabalharem com duas guitarras
na banda, o que normalmente não acontece, sempre uma
guitarra e um teclado. Como fazer para extrair o melhor das
duas guitarras sem ficar muito embolado?
Danilo Pilla - Tudo surge naturalmente. Um dos fatores
é o nosso entrosamento, afinal o André Marengo
e eu tocamos juntos há aproximadamente 13 anos. Outro
fator é que ambos temos estilos próprios e diferentes,
então dificilmente tocamos a mesma coisa. Portanto, quando
mesclamos esses estilos, fica evidente que estamos escutando
duas guitarras, uma completando a outra.
André Marengo - Nós somos amigos de infância,
e tocamos guitarra juntos desde os 12 anos de idade. Cada um
seguiu um caminho diferente, com outras bandas, até nos
encontrarmos novamente no Deventter. Porém, sempre acompanhamos
de perto o trabalho do outro. Compartilhar as guitarras no Deventter
é uma grande alegria, e o entrosamento que temos só
colabora com as músicas da banda. Cada um possui um estilo
diferente, e quando tocamos, sabemos o que fazer instantaneamente,
como colocar uma guitarra que não embole ou atrapalhe
a melodia do outro, ou às vezes um dos guitarristas não
tocar nada em certas partes das músicas, focando no que
ela pede. Mas com certeza, o que nos faz extrair o melhor das
duas guitarras é a amizade que temos.
Hugo Bertolaccini (intrometendo) - Duas guitarras com
estilos completamente diferentes. Imagina o tecladista como
sofre!
Thiago -
Qual a opinião da banda sobre o download ilegal das músicas?
Como se adequar ao novo mercado que assola o mundo da música.
André Marengo - O
download ilegal de músicas é um assunto um tanto
quanto delicado. Como definir o valor da arte? A arte é
algo para ser compartilhado ou vendido? Acredito que há
outras maneiras de se ganhar dinheiro com música. Porém,
o direito autoral do artista deve sempre ser respeitado. Mas conhecer
o limite entre uma coisa e outra não é fácil.
O fato é que a indústria fonográfica cavou
sua própria cova. Ela não se preparou para as mudanças
advindas da internet e das novas tecnologias. E mais, detinham
meios importantes de comunicação e lançavam
no mercado qualquer coisa, pensando somente no lucro. E isso a
ajudou a se afundar mais. Talvez se tivessem trabalhado um relacionamento
melhor e mais direto com seus “clientes”, os apaixonados
por música, a história seria outra. Temos que ficar
extremamente antenados às mudanças de mercado. Estamos
caminhando em areia movediça.
Leonardo Milani - Realmente, esse é um assunto
um tanto quanto complicado, mas é impossível evitá-lo.
Não temos como negar, toda música é um produto
de entretenimento, uma mercadoria com valor de troca, mas também
é arte, é cultura, e todos possuem o direito de
ter acesso a isso. Eu pessoalmente acredito que não temos
meios de impedir downloads de músicas, e, para falar a
verdade, não sei nem se devíamos. Como já
disse o André, boa parte da culpa é das próprias
gravadoras que não se adequaram às mudanças
do mundo, e isso é particularmente fácil de perceber
no mercado brasileiro: os CDs estão muito caros e não
vivemos em um país particularmente rico. As pessoas tendem
a comprar apenas os CDs de músicos que gostam muito, o
que atrapalha bastante a ascensão de bandas novas, principalmente
as independentes. Quem vai pagar trinta reais para conhecer uma
banda nova? Muito mais fácil e barato entrar no e-Mule
e baixar o disco de uma vez. Mas não podemos enxergar as
coisas apenas de um lado, pois esses mesmos downloads ilegais
abrem muitas portas para a divulgação de artistas
que não conseguem divulgar suas obras pelos meios convencionais.
Como nos adaptar? Essa é uma pergunta pertinente, mas infelizmente
não temos como respondê-la ainda. Creio que esses
downloads não vão cessar mesmo com as associações
como a RIAA tentando bloqueá-los de todas as maneiras que
conseguem. Cabe a nós utilizá-los para o nosso próprio
bem.
Thiago - Fora o show de abertura
para o Dream Theater, existem planos para uma turnê nacional
ou até mesmo internacional?
Hugo Bertolaccini - Sim,
claro! Estes planos não vieram depois da escolha do Mike
Portnoy. Estávamos pensando nisso há alguns meses,
principalmente depois de minha participação em um
show do Thessera na Holanda, ano passado. Não temos uma
data definida ainda, estamos planejando para que tudo aconteça
no seu devido tempo. Afinal, não somos somente músicos,
temos nossas famílias, trabalhos e estudos que precisamos
conciliar. É inegável que, após a notícia
da abertura para o DT, ficamos mais expostos e a divulgação
do “The 7th Dimension” recebeu um injeção
de adrenalina, forçando a banda a fazer mais shows. Uma
turnê nacional? Sim! Internacional? Sim! Mas como disse
anteriormente: tudo acontecendo no seu devido tempo.
Thiago - O cenário
brasileiro é muito grande, mas ao mesmo tempo, poucas bandas
conseguem sucesso realmente internacional. Por que isso acontece,
na opinião do Deventter?
André Marengo - Na
minha opinião, isso acontece devido à estrutura
que temos no país. Pense nos anos 80, o movimento de Heavy
Metal no país era muito intenso, porém poucas bandas
se sobressaíram. Imagina como era difícil divulgar
suas músicas, fazer shows e eventos, gravar cds com qualidade
e crescer sem ter quase ou nenhuma estrutura mercadológica.
Hoje, a tecnologia e o acesso rápido ao mundo pela internet
abriram caminhos até então não desbravados.
E isso facilitou o acesso das bandas nacionais a parceiros, gravadoras,
empresas do meio e bandas internacionais. Através disso,
desse relacionamento e de um trabalho incessante, tudo é
possível
Leonardo Milani - Acho que isso tem diversos motivos.
Para começar, devemos pensar que estamos num país
subdesenvolvido e que consumir música é um luxo
que poucos têm, logo, as rádios/gravadoras/lojas
tendem a dar preferência às músicas mais populares,
aproveitando o que já está na moda, o que dificulta
e muito o trabalho de bandas de estilos diferentes no país.
As que conseguem alguma exposição por aqui normalmente
não são de estilo que agradam o público internacional,
então acabam ficando "presas" no país.
Quanto às bandas brasileiras de rock mais pesado ou progressivo,
que na maior parte das vezes apresentam letras em inglês,
fica claro que o sucesso no Brasil vai ser bem limitado devido
à nossa cultura popular. E, querendo ou não, sem
divulgação no próprio país, o caminho
para fora fica mais complicado. A saída é buscar
diretamente o reconhecimento lá fora, quase que pulando
uma etapa que não pode ser cumprida. Já ouvimos
de muita gente que estamos no país errado, ou seja, que
nossa música deve agradar mais pessoas de outros países.
Não pensamos assim, pois queremos trabalhar nossa música
aqui e fortalecer a cena brasileira, mas entendemos o recado que
querem nos passar.
Thiago - Muito obrigado pela
entrevista, o espaço é de vocês para maiores
considerações...
Deventter - Nós
que agradecemos pela oportunidade, Thiago. Queremos agradecer
a todos os parentes e amigos que nos ajudaram a chegar aonde chegamos.
O suporte de todos foi muito importante para que o nosso trabalho
se concretizasse. E vamos ficar de olho no cenário nacional.
Tem muita coisa boa acontecendo por aqui! E ótimas bandas
surgindo! Somos nós todos que fazemos a cena.