Se
cantar em uma banda famosa e reconhecida no mundo inteiro já era
um sonho realizado por Edu Falaschi, o vocalista da banda Angra
resolveu que sua música deveria seguir outros ares, além é claro
de contar com as suas influências habituais que o tornaram um
dos maiores cantores do Brasil e do mundo. Buscando o Heavy Metal
tradicional e trazendo letras que buscam o sentimento, o vocalista
nos contou como foram as gravações do álbum Almah, sobre as participações
especiais e também sobre o sucessor do Temple of Shadows.
Thiago
Rahal: Gostaria de saber quando você sentiu que estava preparado
para gravar um álbum solo. A responsabilidade de gravar algo diferente
atrapalhou? Digo isto, pois agora você é o vocalista da
banda Angra e não mais um cantor em começo de carreira.
Edu
Falaschi: Eu me senti realmente preparado pra assumir a responsabilidade
de todo um projeto em meados de 2005, quando vi que eu tinha um
monte de músicas com um grande potencial. O fato de o Almah ser
bem diferente do Angra veio naturalmente, pois as músicas já eram
bem diferentes do estilo do Angra.
Thiago:
E de onde surgiu a idéia do nome Almah? Foi algo que aconteceu
na sua vida ou era simplesmente o que estava sentindo na época
em que começou a gravar o álbum?
Edu:
Eu queria um nome que fosse forte o bastante pra representar o
que está contido no álbum, e “almah” é a melhor definição para
esse meu projeto, pois após estudar bastante pra letras eu acabei
escolhendo essa palavra que tem um significado interessante na
história e soa em português como “alma”, além de estar ligado
ao contexto geral do álbum.
"Eu
queria um nome que fosse forte o bastante pra representar o que
está contido no álbum, e “almah” é a melhor definição para esse
meu projeto" - Edu Falaschi
Thiago:
Você buscou uma sonoridade própria para o disco ou as músicas
saíram naturalmente?
Edu:
Tudo veio muito naturalmente, mas eu tinha uma visão clara do
que eu queria, algo pesado, direto e moderno, mas ao mesmo tempo
com sofisticação e melodia.
Thiago:
Todas as músicas são de sua autoria? As letras e o instrumental
foram criados somente por você, ou teve alguma parceria?
Edu:
Sim, são todas de minha autoria, letra e música. Todos os arranjos
de todos os instrumentos foram feitos por mim também, além de
tocar todos os violões, o que foi bem legal. A parceria veio em
forma de amizade e respeito mútuo.
Thiago:
Quando decidiu gravar Almah, você já tinha algumas cartas na manga
ou o processo de composição foi realizado no momento em que você
decidiu que iria fazer o disco? Existe alguma música da época
do Symbols ou até mesmo sobras do Angra?
Edu:
Eu fui compondo sem limites, daí eu já tinha um monte de músicas
prontas e achei o melhor momento pra fazer o projeto acontecer,
são todas músicas inéditas. Eu não gosto de aproveitar coisas
antigas é muito raro eu fazer isso.
Thiago:
Poderíamos dizer que Almah é o disco definitivo de Edu
Falaschi, ou seja, o seu jeito de cantar ou a sua maneira
preferida de cantar está nesse álbum?
Edu:
Sim, fiz tudo do meu jeito, a minha maneira e pra minha
região de voz, além de estar gravando músicas no estilo
que eu adoro cantar, tudo sob medida.
Thiago:
A música “King”, que abre o disco, tem um riff marcante
e que lembra os trabalhos solo de Rob Halford, principalmente
no álbum “Ressurection”. Este cd e bandas que fazem um
som mais pesado são influências para você? Conte-nos
como surgiu a idéia dessa canção.
Edu:
Essa música surgiu com o Riff de guitarra do começo, daí
dei seqüência no som, acho que foi a música que eu compus
mais rápido nesse álbum.
Thiago:
Almah é um disco conceitual? Se sim, qual seria o tema
principal? Se não, as letras têm um foco central?
Edu:
Não é um disco conceitual. Eu falo dos sentimentos humanos.
Falo de emoções que estão presentes na vida de todo mundo,
e para ilustrar cada letra eu usei fatos históricos passados
ou recentes, são vários assuntos que se interligam de
alguma forma.
Thiago:
“Take Back Your Spell”, lembra mais seus trabalhos com
o Angra. Essa mescla entre o que você gosta de cantar
e o que os fãs gostam de ouvir é o que podemos esperar
em Almah?
Edu:
Certamente não, eu fiz esse disco pensando somente nas
músicas, sem forçar a barra. É um álbum sem limites. sem
ter que provar nada. É puramente música e isso basta.
Thiago:
Você liberou somente essas duas músicas para as rádios
e diferente do Temple of Shadows, o mesmo não vazou na
Internet antes de seu lançamento. O que você pensa a respeito
disso? É a favor da MP3, ou condena quem baixa o disco
inteiro e depois não o compra.
|
|
Edu: Eu
não sou a favor de MP3 grátis, mas também não sou a favor
de um cd custar R$ 30,00. Mas o governo não ajuda com
tantos impostos, e o povo não luta pra mudar as coisas,
resumindo é uma tremenda bola de neve. Pra não dizer “bola
de lixo”. |
Thiago:
Hoje em dia, está muito fácil gravar algo e ao mesmo tempo mandar
o que foi gravado pela Internet. Como foram feitas as gravações
das participações especiais? Eles foram ao estúdio, ou gravaram
em suas cidades e enviaram para você.
Edu:
O Casey gravou a batera nos EUA e me mandou pela net, já as
guitarras e baixo eu fui pra Finlândia acompanhar e fiquei na
casa do Emppu durante uns 15 dias, daí voltei pro Brasil com
as bases prontas, nesse meio tempo o Mike Stone me mandou o
solo pela Internet e todo o resto eu fiz aqui em São Paulo.
Thiago:
Se possível comente como chegou a cada um dos convidados especiais:
Edu:
Casey Grillo (Kamelot), Emppu Vuorinen (Nightwish) e Lauri
Porra (Stratovarius) - Os
três eu conheci nas turnês com Angra, são grandes amigos e pessoas
maravilhosas. Foi natural chamá-los, pois eles eram perfeitos
pro estilo de som que eu estava buscando.
Mike
Stone (Queensryche) - Eu comentei pro Casey que
precisava de um solo de guitarra tipo “Queensryche” e ele disse,
“por que não o próprio Mike Stone?”, daí eu falei com o Mike,
que foi muito gente fina, no mesmo dia ele gravou o solo e me
mandou.
Edu Ardanuy (Dr. Sin) -
Ter o Edu no meu disco foi uma grande honra, eu o considero uns
dos melhores e mais completos guitarristas do mundo, aliás, o
Dr. Sin inteiro participou do meu cd, foi perfeito ter músicos
tão bons, como foi o caso do Andria e do Ivan Busic.
"fui
compondo sem limites, daí eu já tinha um monte de músicas prontas
e achei o melhor momento pra fazer o projeto acontecer, são todas
músicas inéditas" - Edu Falaschi
Tito
Falaschi - Não o convidei pra cantar comigo por
ele ser meu irmão e sim por ele ser um músico fantástico, canta
muito bem, toca vários instrumentos maravilhosamente bem, além
de ser um puta compositor. Sou um cara de sorte por tocar sempre
com músicos fantásticos, tanto no Angra, que tem alguns dos melhores
músicos do mundo, quanto no Almah que só tem gente do melhor gabarito.
Thiago:
Por que você não convidou músicos brasileiros? Foi uma opção sua
convidar esse pessoal todo ou quando surgiu à oportunidade não
teve como recusar?
Edu:
Sou muito amigo do Emppu, do Lauri e do Casey e isso facilitou
tudo já que eu tinha vontade de gravar com músicos de outros países,
estou sempre tentando experiências novas. E essa experiência foi
demais. Mas tem um monte de músicos brasileiros participando,
só músico de primeira qualidade.
Thiago:
Você pretende fazer shows solo no Brasil e exterior? Se sim, quais
seriam os músicos que o acompanhariam na turnê?
Edu:
Eu pretendo realizar uma mini turnê, entre agosto e setembro,
são todos brasileiros, Adriano Daga (batera), Giu Daga (guitarra),
Demian Tiguez (guitarra) e Tito Falaschi (baixo), talvez o Fábio
Laguna nos acompanhe em alguns shows, já estamos ensaiando e ao
vivo as músicas estão soando absurdamente bem, esses shows será
uma grande surpresa pra muita gente.
Thiago:
Gostaria que comentasse os álbuns das pessoas que participaram
do Almah: Kamelot - The Black Halo, Nightwish
– End of an Era, Stratovarius – Stratovarius, Queensryche – Operation
Mindcrime: Part 2 e Dr. Sin – Listen to Doctors.
Edu:
todos essas bandas são fantásticas! alguns dos últimos álbuns
deles eu ainda não escutei, mas certamente é coisa boa.
|
Thiago:
A capa do disco Almah conseguiu retratar o que você queria
passar para seus fãs? Qual o autor da mesma e se você
deu idéias de como queria que ele a desenhasse.
Edu:
Sim, ficou exatamente como eu queria! Retrata bem o espírito
do disco, é uma capa simples, bonita, sóbria e passa a
sensação de algo ligado aos nossos sentimentos, tem os
elementos de corpo, mente e alma, que é o que eu coloquei
nesse trabalho, além de outros sinais com diversos significados.
O autor da capa é o Luciano Sorrentino, amigo meu. Ele
já fez alguns trabalhos pro angra. É um cara com uma linguagem
moderna, tudo o que eu queria.
Thiago:
Cite os 5 melhores álbuns da história na sua opinião:
Edu: Dio - The Last In Line, Black Sabbath
- Born Again, Supertramp - Paris, Iron Maiden - Powersalve
e Black Sabbath - Mob Rules.
Thiago:
Recentemente Michael Kiske discutiu com um jornalista
europeu sobre a importância das resenhas de cds, pois
segundo ele muitas pessoas falam coisas que não deviam.
O que pensa a respeito disso? Alias, ultimamente você
não tem gostado de algumas resenhas de shows não é mesmo?
Edu:
Eu acho que em muitos casos os responsáveis por resenhas,
são apenas fãs e não jornalistas ou alguém qualificado
para tal função. Hoje em dia na Internet, todo mundo tem
voz ativa e pode fazer qualquer coisa sem nenhuma noção
de responsabilidade.
Thiago:
Você foi convidado para participar do projeto “Mikeyla
Feat. The Metal Forces – Glorious”, encabeçado pelo baterista
do Masterplan Uli Kusch. Como foram as gravações e o que
você achou do resultado final, o disco tem previsão de
lançamento no Brasil?
Edu:
Foi muito legal o Uli ter me pedido pra representar o
me- |
tal
brasileiro, foi uma honra participar do projeto, gravei
aqui mesmo no Brasil e depois mandei pra ele. O resultado
ficou muito bom, é uma música de comemoração da copa do
mundo na Alemanha, tem bem esse clima. Não sei se vai ser
lançado no Brasil, tomara que sim. |
Thiago:
E falando ainda sobre o projeto que inclusive é ligado com futebol
e principalmente a copa do mundo, o que você tem visto de bom
no torneio que está acontecendo na Alemanha?
Edu:
Eu acho que a competição está bem equilibrada, não tem nenhum
time completamente superior aos outros, nem mesmo o Brasil que
acabou de ser desclassificado. De bom mesmo é ver a emoção e a
garra do Felipão que comanda a seleção de Portugal. espero que
eles sejam campeões.
Thiago:
Vamos falar sobre as gravações do sucessor do Temple of Shadows.
O que os fãs podem esperar do novo álbum?
Edu:
É um disco forte, direto e mais simples do que o “TOS”, não gosto
muito de ficar falando como é ou como não é um disco, música não
se explica na minha opinião, é algo que está ligado diretamente
às emoções, a galera tem que escutar e gostar ou não, esse é o
ponto.
Thiago:
Rebirth seguiu a linha mais tradicional e melódica do Angra. Temple
of Shadows o lado mais progressivo. O próximo álbum será uma mescla
dos dois ou terá músicas mais pesadas?
Edu:
O peso é o fator mais marcante do novo álbum.
Thiago:
Dessa vez será como no disco anterior, onde o guitarrista Rafael
fez todas as letras do álbum e a banda a parte instrumental, ou
todos irão participar do processo de composição?
Edu:
Todos estão participando, provavelmente terão letras não só do
Rafael.
"fui
compondo sem limites, daí eu já tinha um monte de músicas prontas
e achei o melhor momento pra fazer o projeto acontecer, são todas
músicas inéditas" - Edu Falaschi
Thiago:
Por que somente o Aquiles Priester foi gravar a bateria na Alemanha
com o produtor Dennis Ward e o restante da banda aqui em São Paulo?
Os estúdios daqui melhoraram em relação aos da Europa?
Edu:
Com certeza, por mim gravaria tudo aqui, mas o Dennis Ward preferiu
gravar a batera lá, o resto todo está sendo feito no Brasil.
Thiago:
O novo álbum, assim como o anterior, terá participações especiais?
Se sim, pode adiantar algo a respeito?
Edu:
Acredito que não, mas pode ser.
Thiago:
Como a banda concilia todos os Workshops e trabalhos paralelos
e ainda conseguem fazer turnês e novos álbuns com o Angra?
Edu:
É um trabalho de logística mesmo, conciliar as agendas não é tão
fácil, e além de tudo tem a familia. É uma correria, mas eu não
vivo sem isso. Amo o que faço e por isso não me canso. Farei uma
pequena turnê com o Almah e logo entrarei numa com o Angra.
Thiago:
Vocês foram escalados para o Brasil Metal Union 2006. Qual a importância
desse show para a banda e vocês pretendem tocar alguma música
nova nessa apresentação?
Edu:
Eu desde o inicio do festival falava pro Richard que isso era
muito importante pro rock no Brasil. Sempre apoiei e sempre vou
apoiar. A banda Angra tocará só musicas antigas, eu acho.
Thiago:
Edu, muito obrigado pela entrevista. O espaço é seu para deixar
algum recado para seus fãs e leitores do Metal Revolution.
Edu:
Muito obrigado a vocês pelo apoio!!! E um grande abraço aos meus
queridos fãs e a todos os leitores do Metal Revolution!