28/01/2008 - por Thiago Rahal

Em plena divulgação do álbum The Reason Of Your Conviction, Nando Fernandes, Fábio Laguna, Nando Melo, Eduardo Martinez e Aquiles Priester falam sobre o último lançamento, retorno aos palcos, pausa nas atividades do Angra e mais. Agradecimentos à Dynamo Records.

Thiago Rahal - Primeiro, gostaria de agradecer por esta entrevista e já começo perguntando sobre o novo disco, como está sendo a repercussão do mesmo tanto no Brasil como no exterior?
Nando Fernandes –
Tem sido a melhor possível, apesar de sabermos que fizemos um trabalho que com certeza seria bem reconhecido, não esperávamos tanto em tão pouco tempo.
Nando Mello –
Tem sido ótima, temos recebido boas resenhas e o retorno dos fãs tem sido espetacular. Já fizemos nosso primeiro show fora do Brasil e o resultado foi um show com muita energia e o público vibrando o tempo todo.
Eduardo Martinez –
As críticas tem sido excelentes, o álbum é pesado e agressivo. Isto é perfeito, pois fizemos um trabalho que funciona musicalmente sem abrir mão da pancadaria, até porque é o cd mais extremo do Hangar até agora. É o melhor momento da banda em sua carreira, e o meu melhor momento como músico até hoje. E isto é apenas o começo!
Fábio Laguna –
Já conferimos isso ao vivo no Brasil e no Paraguai. Tinha gente cantando todas as músicas. Também estamos tendo ótimas notícias do Japão. O disco está tendo uma grande aceitação por lá e em breve será lançado na Europa.

Thiago - Uma coisa que percebi foi a grande evolução do primeiro disco para o Reason Of Your Conviction. Chega a ser impressionante a imensa qualidade de gravação e das composições das novas canções, qual fator vocês colocariam como principal para esta evolução?
Nando Fernandes –
Todos os músicos amadureceram individualmente, conseqüentemente as coisas foram para um outro nível. Hoje em dia o Aquiles não poderia, pelo nome que construiu um cd qualquer com qualquer banda. O Hangar hoje em dia é uma banda verdadeira, consistente e madura.
Fábio Laguna –
O tempo, esse é o maior responsável por todas as mudanças no Hangar. Fomos felizes nas escolhas e conseguimos evoluir.
Nando Mello –
Os seis anos de intervalo entre um disco e outro ajudaram a maturar este disco com composições bem pensadas e arranjos trabalhados. Tivemos bom senso em escolher o que era melhor para a musica.
Eduardo Martinez – Sem essa busca e sem esse resultado não seria possível prosseguir com o Hangar. A proposta do Hangar sempre foi produzir um trabalho do nível do TROYC. Neste momento da nossa vida apenas chegar perto de novo não bastaria. TROYC atingiu seu objetivo mostrando uma banda que produz e dirige seu trabalho pessoalmente do início ao fim.
Aquiles Priester –
Só um detalhe, esse é o nosso terceiro disco. O primeiro é o Last Time (que será relançado até o final de março com um DVD bônus com toda a nossa história pelas nossas próprias câmeras até a demo do TROYC), o segundo é o Inside your Soul e agora estamos lançando nosso novo trabalho.

Thiago - O disco é conceitual e aborda temas densos e profundos. Vocês acreditam que realmente os fãs lêem suas letras e ou prestam atenção no contexto da história ou a idéia é exatamente essa, estimular com que os fãs procurem sobre os assuntos abordados?
Nando Fernandes –
Claro que sim, por isso temos a história toda contada em português em nosso site.
Nando Mello –
Tenho certeza que os fãs lêem as letras. Não se ouve falar muito disso, mas temos recebido mensagens de fãs falando exatamente isso, as letras do TROYC são uma obra conceitual e o pessoal tem curtido bastante e discutido sobre o tema.
Fábio Laguna –
Se um disco tem que ter bons solos, arranjos, melodias, levadas, etc, as letras também devem estar à sua altura. Cada pessoa ouve uma música de forma distinta, prestando mais atenção em um ou outro instrumento. E a voz é o instrumento principal. A letra tem que ter o seu conteúdo. Muita gente presta atenção nisso sim, e não porque depois vai sair pesquisando sobre o tema. Simplesmente porque o tema é interessante. Quem tem curiosidade em conhecer melhor as letras do TROYC vai encontrar pelo menos algum trecho em que se identifique, ou que cause um momento de reflexão, etc. Pode ser melhor do que assistir novela, acredite.
Aquiles Priester –
Quando estávamos finalizando as primeiras composições, percebemos que dessa vez teríamos que ter um bom conteúdo nas letras, pois o conceito já tínhamos definido em 2002/2003. As músicas soavam muito bem e as melodias iniciais meio fracas, pois ainda eram esboços. Refizemos tudo de novo para ter mais melodia em contrapartida com as partes brutais das músicas.
Eduardo Martinez –
Eu sempre leio os textos dos cds que escuto.

Thiago - Em Inside Your Soul, Michael Polchowicz era o vocalista e agora após sua saída, Nando Fernandes entrou para a banda e desempenhou um excelente papel. Como vocês o descobriram e qual a importância do mesmo para as composições e estética do novo disco?
Nando Mello –
O Nando estava nos esperando e nós esperando por ele. Talvez seja o caso da pessoa certa para a banda certa, sei lá. Parece que ele esta conosco há anos.
Fábio Laguna –
Conheço o trabalho do Nando desde o Cavalo Vapor. O nome dele sempre foi cogitado durante a fase de testes, mas não sabíamos se ele toparia entrar no Hangar. A gente sabia que precisávamos de um vocal mais rasgado para o TROYC. E a voz do Nando encaixou-se perfeitamente nas músicas. Quando ele aceitou nosso convite, as músicas já estavam praticamente prontas, mas ainda assim ele conseguiu colaborar muito nas linhas vocais no pouco tempo que teve.
Eduardo Martinez –
O vocalista é a cara da banda. O Hangar é um tipo de monstro que tem várias facetas, as músicas são de estilos variados e é preciso que todas ainda assim tenham interpretações com cara de Hangar. Nando Fernandes só fez ser ele mesmo e arrancar em cada interpretação o seu melhor. Ele se tornou o monstro, ele é o Hangar.
Aquiles Priester –
Tínhamos medo de convidá-lo e ele se assustar com o que a banda realmente é... Apesar de tudo, de todos esses anos de trabalho, encaramos a banda como algo novo, ou seja, mesmo que o disco fosse bom, teríamos que nos submeter a diversas situações que muitas poucas bandas topariam. O Nando é um cara que precisa de uma banda e nós precisávamos de um vocalista. Preciso ser sincero para dizer que eu tinha medo de quem seria o substituto do Mike, pois sempre fomos uma família e eu tinha medo que alguém estragasse isso. Mas foi muito pelo contrário, o Nando está de mangas arregaçadas e louco para sair pelo mundo para mostrar o seu trabalho e nós também... Para vocês terem uma idéia das nossas loucuras, acessem www.hangar.mus.br e leiam o nosso diário da tour pelo Nordeste e Paraguay...

Thiago - Nando Fernandes, você tem um pulmão privilegiado, consegue chegar a notas altas sem maiores esforços (ou estou errado?). Vejo em você uma influência latente do Hard Rock dos anos 80 e principalmente de Jorn Lande, o que pensa a respeito?
Nando Fernandes –
Muito obrigado pelo elogio! Tenho como influência os grandes mestres dos 70 e 80 como John Fogerty (Creedence), Ronnie James Dio (Black Sabbath e Rainbow), David Coverdale (Deep Purple e Whitesnake), Robert Plant (Led Zeppelin), Bruce Dickinson (Iron Maiden), Sammy Hagar (Montrose e Van Halen) entre outros. Dos mais recentes gosto muito do Jorn Lande (Masterplan), Russel Allen (Simphony X) e Chris Cornell (Soundgarden e Audioslave). Por isso penso que minha voz, em questão de timbre, interpretação e altura, seja o reflexo do que eu sempre ouvi.

"O vocalista é a cara da banda. O Hangar é um tipo de monstro que tem várias facetas,
as músicas são de estilos variados e é preciso que todas ainda assim tenham interpretações
com cara de Hangar. Nando Fernandes só fez ser ele mesmo e arrancar em cada
interpretação o seu melhor. Ele se tornou o monstro, ele é o Hangar"
- Eduardo Martinez

Thiago - Uma pergunta referente ao Fábio Laguna. O mesmo nunca teve a grande chance de se mostrar na banda Angra, mas no Hangar e no Freakeys é onde vemos realmente o seu talento. Vocês fizeram questão que cada membro tivesse o mesmo destaque que o outro, em especial ao Fábio?
Nando Fernandes –
Nós sempre pensamos assim e, sabemos exatamente a hora do outro brilhar e com certeza esse pensamento nos leva a uma união quase que indestrutível porque somos fãs uns dos outros.
Fábio Laguna –
Na verdade as três bandas têm suas peculiaridades. O Freakeys é um trabalho que mesmo sendo autoral, teve espaço para todo mundo arranjar como quisesse. E ainda que as composições fossem minhas, também estava aberto a sugestões. No Hangar todos compõem e eu consigo fazer meus arranjos no meio do massacre de bumbos e guitarras, rs. Já no Angra eu era um músico de apoio, chamado apenas para os shows.
Eduardo Martinez –
A diversidade musical do Hangar se deve ao fato de que todos os integrantes compõem juntos uma mesma música ao mesmo tempo. Isso sempre acontece de uma forma ou de outra. Enquanto os cinco não estão completamente satisfeitos a música não está pronta. Somos muito bem aproveitados no Hangar: carregar equipamento, montar e desmontar, pagar contas... Até compor juntos conseguimos!

Thiago - Já que estamos falando dos integrantes da banda, Eduardo Martinez fez um excelente papel no álbum e não senti falta nenhuma de outra guitarra no disco. As composições são feitas para realmente não sentir falta de outra guitarra, ou foi todo mérito do Eduardo?
Nando -
Com um Fábio Laguna na banda nenhum guitarrista precisa de base!!! Hahahahah...
Fábio Laguna –
Exatamente, rs... Fábio Laguna é um bom tecladista base, rs. E o Martinez tem a mão pesada! Muitos anos de thrash metal, rs. O Heros e ele deixaram o som da guitarra matador nesse disco. E na boa, guitarra é um troço muito barulhento, uma só já é mais do que suficiente.
Nando Mello –
Nunca toquei em uma banda com duas guitarras, graças a Deus... rsrsrsrs Quando tem dois guitarristas, nunca eles são do mesmo nível e isso atrapalha e muito ao vivo...
Eduardo Martinez –
As duas coisas acontecem no disco e no show. A guitarra base pode ser suprida ao vivo pela combinação do instrumental como um todo durante o solo, que também é composto para se sustentar sozinho. Em estúdio gravei todas as bases que foram necessárias. Eu fui o outro guitarrista. O segredo da performance ao vivo de arranjos muito complexos, ao meu ver, está no “re-arranjo”. A versão ao vivo suprime alguns detalhes e realça o mais importante: a energia da música tocada por um quinteto.

Thiago - Algumas participações foram bastante inusitadas como a de Arnaldo Antunes na introdução ‘Just The Beginning’. Essa música de abertura deu um clima diferente ao disco e se tornou bem diferente das introduções atuais onde temos somente um som de teclado ou uma orquestra acompanhando. É claro que só quem entende português entenderá o que o ator está dizendo. Em outros paises a introdução é idêntica à versão nacional ou será diferente? Também gostaria de saber como se deu o encontro com Arnaldo Antunes?
Fábio Laguna –
A introdução é parte do álbum, será a mesma em qualquer lugar. Entendeu por que as letras são importantes? Muita gente vai querer saber o que isso significa e vai procurar a tradução.
Eduardo Martinez –
Gostaria de agradecer muito ao Arnaldo. Sempre me identifiquei com os jogos de palavras que ele faz no seu trabalho. A narração dele é inusitada e choca. O português é bizarro, é uma língua morta. O texto dele deve soar quase como um tipo de encantamento ou profecia no contexto do ouvinte estrangeiro. O que importa é chocar as pessoas com uma pitada de latinidade terceiro mundista para botar mais medo nos gringos! Um, dois... UM DOIS TRÊS QUATRO!
Aquiles Priester –
Um dia estava num estúdio de um amigo meu e vi o Arnaldo narrando um texto. Antes de ver a gravação, li o texto e achei interessante, mas depois da gravação, vi o que ele fez com as palavras... Enquanto ele grava, ele entra num outro mundo é uma coisa muito foda e muito diferente. Sempre fui fã do Rock Nacional dos anos 80 e ter o Arnaldo narrando uma frase que escrevi, foi um grande sonho realizado. Ele aceitou o convite numa boa, chegou no estúdio, gravou e ainda escolheu o take junto com a gente... Foi demais!!! A voz dele chocou da forma que precisávamos...

Thiago - A seguir temos uma música típica das bandas de heavy metal melódico (não que isso seja ruim, que fique claro, pelo contrário) como a ‘Reason Of Your Conviction’. Ela deve empolgar bastante nos shows e isso é o que realmente importa nessas horas. Vocês pensam em algum dia não colocar músicas desse tipo como de abertura, colocando algo mais cadenciado ou até mesmo mais pesado?
Nando Fernandes –
Eu gosto dessa idéia! Começar um show como o Heaven and Hell tem feito, tipo uma After All que, aliás, é um de nossos covers do show.
Fábio Laguna –
Também acho uma boa idéia. Mas no caso do TROYC, por incrível que pareça a Reason não foi escolhida como a primeira música do disco por ser desse ou daquele tipo. Foi escolhida pelo tema. Estamos falando de serial killers e ela representa toda a agressividade do tema, seja em velocidade ou peso, com algumas partes thrash e outras arrastadas.
Nando Mello –
Literalmente a casa caiu nos shows que fizemos quando tocamos a TROYC. Não penso muito na ordem das musicas, mas as musicas mais rápidas tendem a serem as primeiras no disco, talvez para o próximo isto mude.
Eduardo Martinez –
Quando compus os riffs e juntamos as partes dessa música o feeling era de thrash metal. A parte central da Reason é puro mosh. Nunca fui ouvinte do dito estilo “melódico”. Até porque o termo “música melódica” existe até o ponto em que possa existir uma expressão como um “avião voador”. Se heavy melódico é colocar dois bumbos numa composição do tipo Iron Maiden, existem bandas melhores que nós nisso. E o Iron nunca precisou de mais um bumbo pra fazer algumas das melhores canções de todos os tempos.

Thiago - Em ‘Hastiness’, temos a participação especial de Vitor Rodrigues do Torture Squad. Olhando de fora percebo que existe bastante cumplicidade na cena metal do Brasil, pelo menos entre os músicos, estou errado ou isso realmente está acontecendo com mais freqüência?
Fábio Laguna –
Há uma irmandade sim. Não sei se isso é mais forte hoje, mas sempre tive um ótimo relacionamento com as bandas de metal, sejam elas de thrash, death, melódico... Desde que me aproximei mais do metal, há pelo menos 10 anos atrás, tenho feito grandes amizades, tocado e gravado com muita gente legal. E no final das contas, o que percebo é que, independente do estilo, todo mundo tá na mesma batalha. E se permanecermos unidos será mais fácil levar o heavy metal adiante, aliás, é a única maneira disso acontecer.
Nando Fernandes -
Infelizmente poderia ser muito melhor, mas também não é um caos total... rs, eu particularmente gosto muito de estar na condição de fã admirando meus ídolos, e digo - sou fã de muitos amigos músicos. Uma cena forte e unida só vai fazer bem pra todas as bandas. Penso que devemos buscar parcerias e unir todas as tribos, fazendo com que as bandas saiam juntas em turnês por todo Brasil, isso seria maravilhoso para o público. Acredito que com o passar do tempo temos grandes chances de tornar isso uma realidade um dia!
Nando Mello –
Tenho afinidade com algumas bandas e ou membros delas. Torture Squad é uma delas, o Vitor fez um excelente trabalho conosco, pois é um front man no melhor sentido da palavra. O cara canta muito.
Eduardo Martinez –
O Vitinho entrou com a cara mais monstro que podíamos querer numa música. Algumas passagens dentro do conceito do álbum pediam. Ele é o intérprete perfeito para todo o tipo de vocal mórbido, monstruoso, horrendo e desesperado que possa ser necessário em um disco.
Aquiles Priester –
Espero ainda fazer os shows com esses caras, pois temos um imenso respeito pela seriedade que ele tem com a música. Se existe banda determinada, o Torture Squad é o maior exemplo e nos inspiramos neles.

Thiago - Ainda sobre a canção ‘Hastiness’, gostaria de tirar uma dúvida que me persiste desde que a escutei pela primeira vez. Em uma parte da música, mais precisamente do meio para o final, logo após a participação de Vitor, Aquiles e Fabio Laguna tocam ao mesmo tempo uma batida que lembra muito algum tipo de marchinha, pois me lembra muito o meu tempo de escola onde os professores faziam isso para chamar atenção dos alunos, estou correto ou apenas viajando na idéia (risos)?
Aquiles Priester –
Que tipo de drogas você toma Thiago? Hahahaha. Vamos precisar disso para compor mais coisas estranhas assim... hahahah
Nando Fernandes –
O que você usou pra ouvir nosso cd? kkkkkkk...
Eduardo Martinez –
Estamos mordendo a idéia até do Thiago... Rolou um The Wall!
Fábio Laguna –
Olha, vou até conferir se o que fizemos é mesmo uma marchinha, rs... Mas se chamou a sua atenção deve ser porque você era um aluno muito encapetado, rs.

Thiago – ‘Call Me In The Name Of Death’, nem precisou da MTV para ter seu clipe muito bem visto por todos, pois segundo o Youtube o clipe teve bastante acesso e um dos mais visitados. Aliás, essa música é uma balada um pouco fora dos padrões, pois ela vai crescendo de acordo com a interpretação do Nando Fernandes. Quem teve a idéia do clipe e o que vocês acham dessa nova tecnologia de vídeos pela Internet?
Nando Fernandes –
A escolha da música aconteceu naturalmente, de uma forma unânime, e depois disso veio toda a produção em cima do projeto, minha colaboração maior foi no roteiro, tive várias idéias aproveitadas.
Fábio Laguna –
A locação e os diretores foram escolhidos pelo Aquiles. Nessa época a gente já tinha o disco pronto e boa parte da arte gráfica. Foi fácil “linkar” o clip a tudo isso. Quem ouve o disco lembra do clip, quem vê o clip lembra do encarte, etc. Está tudo ligado.
Aquiles Priester –
Essa música é um capítulo muito importante na história do disco e eu falo isso no “making of” do clipe... Lá eu dou todas as dicas...
Eduardo Martinez –
A net é uma ferramenta de busca de informação. Algumas pessoas confundem grande quantidade de informação com conhecimento. Como toda ferramenta ela pode ser bem ou mal empregada. Estamos nos servindo bem dela. Inclusive agora com essa entrevista. ‘Call Me In The Name Of Death’ foi a última música composta nesse disco. Nando foi a inspiração, pois somente com a interpretação dele uma música desse tipo continuaria forte e consistente o bastante para o Hangar. Além disso, quanto ao conceito da história toda do cd, ela é o “capítulo” que se sustenta sozinho. Se não fizermos mais nenhum clipe do TROYC esse resumiria a história. Foi o que George Lucas fez quando filmou o episódio IV de Star Wars primeiro. Se ele quebrasse com este filme, e não pudesse filmar os outros cinco, teria pelo menos contado uma história completa dentro da saga toda.

Thiago – ‘Forgive The Pain’, mostra o lado progressivo da banda. Talvez este seja o grande diferencial do disco, ele nunca fica no mesmo estilo, sempre muda de acordo com o que as músicas pedem, estou correto em afirmar isso?
Nando Fernandes –
Com certeza, as músicas se encaixam perfeitamente nas letras como em qualquer trilha de filme. A sonoridade tem que fazer o texto crescer.
Eduardo Martinez –
Sim. Sem deixar o metal de lado nunca, os estilos variam. Somos fãs de todas as vertentes heavy metal e isso ajuda a buscar o clima para cada letra.
Fábio Laguna –
Pois é, quando se compõe de forma livre estamos sujeitos a isso. Nuances, variações... Cada um tem uma preferência musical dentro da banda. Isso ajudou muito a criar uma identidade diferente para o Hangar.
Aquiles Priester –
Essa é uma música surgiu com a melodia vocal da parte “b” do refrão e só depois que fomos pensar em introdução, verso, ponte, instrumental e etc.

Thiago - Mas para mim a melhor música do álbum é a ‘Everlasting Is The Salvation’. Ela tem uma gingada diferente, com passagens melódicas e quebradas de ritmos a todo o momento. O timbre alcançado por Aquiles Priester na bateria dessa canção é excelente. O que poderia nos falar mais sobre ela?
Nando Fernandes –
Na minha opinião, essa música ainda vai ser um clássico do Hangar!
Eduardo Martinez –
Eu tinha o riff do refrão de Everlasting Is The Salvation em um K-7. Era uma jam em 1994 com o então baterista da Panic, Cláudio Calcanhotto. Aquele riff que começa com guitarra e depois fica pesado me chamou a atenção, pois nunca foi usado e era original. Quando estamos compondo, eu preparo meu arsenal de idéias e trago elas “na mão”, ou seja, toco os riffs sem dizer de onde vieram para não influenciar ninguém. Aquiles deu uma interpretação toda dele e compôs a levada do verso. Pela “idade” das idéias das composições e pelo tratamento moderno e distanciado que elas recebem estamos chegando aos nossos “clássicos”.
Aquiles Priester –
Quando essa música estava pronta, eu não conseguia imaginar como conseguiríamos encaixas os vocais nela. A estrutura é toda estranha, com citações sobre a cena de um crime, mas na verdade, a voz da Antoniela do Canto naquela parte, é um anjo contando para o personagem que ele tinha sofrido um acidente e quase tinha morrido, foi ali que ele viu a morte de perto e ele estava fora do seu corpo. Depois tem uma parte C (falamos isso, quando tem alguma parte que só aparece uma vez na música), completamente melódica e com uma letra de auto-ajuda. Ao vivo essa música é matadora e o Nando e o Martinez mandam muito bem nela.
Fábio Laguna –
Os versos dela são bem arrastados e o refrão é puro rock’n’roll! É uma das minhas preferidas também.

"Quando essa música estava pronta (Everlasting Is The Salvation), eu não conseguia imaginar como conseguiríamos encaixas os vocais nela. A estrutura é toda estranha, com citações sobre a cena de um crime, mas na verdade, a voz da Antoniela do Canto naquela parte, é um anjo contando para o personagem que ele tinha sofrido um acidente e quase tinha morrido, foi ali que ele viu a morte de perto e ele estava fora do seu corpo. Depois tem uma parte C (falamos isso, quando tem alguma parte que só aparece uma vez na música), completamente melódica e com uma letra de auto-ajuda. Ao vivo essa música é matadora e o Nando e o Martinez mandam muito bem nela." - Aquiles Priester

Thiago - A versão nacional do disco saiu com um DVD de bônus e a canção ‘Your Skin And Bones’ como brinde. Achei isso bem legal, pois mesmo com os famosos bônus tracks nas versões japonesas, isso acabou saciando um pouco os fãs. O encarte também é bastante detalhado e com muitas fotos. Com o advento da MP3, acreditam que a melhor solução para os fãs é dar o melhor produto possível, para valer a pena comprar o disco original?
Nando Fernandes –
Com certeza, temos que estar sempre atentos para oferecer algo a mais aos nossos fãs. Lembrando que no Japão também tivemos um chaveiro com um Led que tinha o nome Hangar impresso, uma coisa linda de se ver, material de colecionador mesmo!
Eduardo Martinez –
Sim, muitos fãs curtem desde o tempo do vinil e o espaço das capas era uma festa para fotos e textos. A opção para os discos importados na época do vinil (as bandas “novas” da época como Slayer e Metallica não tinham sido lançadas no Brasil em 84) era gravar em fita K-7 e eu tinha os encartes com as letras xerocados das minhas gravações favoritas. Estamos respeitando essa tradição do vinil tentando dar um cd oficial que valha a pena no aspecto gráfico também.
Fábio Laguna –
Lançar um produto com a melhor qualidade possível é o mínimo que temos que fazer. A gente acredita que boa parte das pessoas que ouvem o Hangar irá reconhecer todo esse nosso empenho, que foi feito exatamente para elas. Ainda não há como impedir os downloads ilegais. Cabe a cada um julgar se quer contribuir com uma banda que está trabalhando muito para o metal ou se quer jogar mais uma pá de areia na indústria fonográfica, que já está na UTI. O Brasil tem um número bom: o DVD mais vendido no mundo em 2007 é daqui, de uma cantora de axé e foram 400.000 cópias. Parece muito? É muito!!! Mas ainda assim é muito pouco se considerarmos que TODOS os artistas no mundo estão abaixo dessa quantia, perdendo para o axé!!!

Thiago - Falando sobre as versões japonesas, no disco em questão vocês fizeram o cover do clássico de Peter Frampton com a música ‘Breaking All the Rules’. Já está virando uma marca registrada da banda gravar versões para músicas inusitadas em seus discos, até mesmo porque a proposta inicial do Hangar era essa não é?
Nando Fernandes –
Como acabei de dizer, sempre pensamos em surpreender nossos fãs!
Eduardo Martinez –
Os primeiros shows que assisti ao vivo foram Peter Frampton e Van Halen, em Porto Alegre, e fiquei fã. Foi muito emocionante sair tocando aquele riff e solar num clássico desses. A idéia de gravar ‘Breaking All The Rules’ foi do Aquiles e a motivação foi a idéia de como o Nando interpretaria essa música. Gostaria muito de ouvir a opinião do Peter sobre a nossa versão! Ao mesmo tempo que aprendia as frases de Frampton na véspera da gravação tentei me soltar ao máximo para tocar do meu jeito. Acho que a partir do segundo solo eu consegui. Fiz isso também na nossa versão de ‘Ask The Lonely’, do Journey. Fiquei tão dono do solo do Neal Schon que a metade inicial definitiva foi aproveitada da guitarra guia. Esses caras são tão geniais que botar alavancadas, arpejos e tappings em cima das idéias seria de um mau gosto imperdoável.

Thiago - O disco foi gravado praticamente inteiro no Mr. Som Studios em São Paulo. Estou vendo muitas bandas daqui gravando discos com qualidades excelentes no Brasil. Os estúdios daqui batem de frente com os de fora, ou estou enganado? Como foi ter Heros Trench e Marcelo Pompeu ajudando na produção do Reason of Your Conviction?
Nando Fernandes –
Hoje em dia o Mr. Som virou referência de qualidade garantida, e o que é mais importante, com um custo benefício muito grande. Quando eu levei o Roy Z (guitarrista do Bruce Dickinson) pra conhecer o estúdio, ele ouviu alguns trabalhos do estúdio e disse pro Pompeu que se eles morassem em Los Angeles eles estariam ricos, pela qualidade do som que ouviu nas gravações. Sou muito suspeito pra falar porque sou muito amigo do Pompeu, do Heros e do Alemão, aliás, agradeço em público toda a força que eles tem dado pra gente! E já gostaria de adiantar o nome de duas grandes bandas que começaram a gravar lá, estou falando da banda MADGATOR e da banda CARRO BOMBA, onde meu irmão Rogério Fernandes é o vocal, guardem esses nomes!!!
Eduardo Martinez –
A amizade com Pompeu, Heros, Sílvio e Dick vem desde 1991 quando eu trouxe o Korzus para o memorável show da Tour do Mass Illusion em Porto Alegre. O melhor som de guitarra que já tive em disco: Mr Som. Gravei com a Lápide o novo álbum Over The Grave no Mr. Som também.
Fábio Laguna –
Já faz tempo que os estúdios brasileiros competem com os gringos em qualidade de equipamento e estrutura. A questão é que o Mr. Som alia essa qualidade à mão de obra especializada que só eles têm. O Heros e o Pompeu conhecem muito bem a linguagem heavy metal. Conheci o Mr. Som quando fui mixar o Freakeys lá. Depois disso, o estúdio virou minha casa, literalmente, em algumas épocas, rs.
Aquiles Priester –
Fora isso tudo, queremos deixar bem claro, que o Heros, Pompeu e o Alemão estiveram com a gente o tempo todo. Os caras fizeram as coisas como se fossem pra eles e isso não acontece em todos os lugares. Se você tem uma banda, mora no Brasil e quer um disco bem produzido, nós já demos todas as dicas...

Thiago - A banda teve a idéia de começar a usar mascaras e entreter os fãs com isso, a idéia veio a partir da mascara polvo do Aquiles? Elas lembram um pouco a banda Slipknot...
Nando Fernandes –
Eu sempre disse que ia cantar alguma música de máscara e de luvas cirúrgicas sujas de sangue, mas não sabia que ia causar tanto impacto, quando jogo as luvas depois de algumas músicas, as pessoas quase se matam pra pegar, achei muito legal essa manifestação, e quando apareço de máscara sempre rola um som diferente por parte do público. Agora, o fato do Aquiles também usar sua máscara de polvo é pura coincidência.
Eduardo Martinez –
E Kiss, e Alice Cooper?... As máscaras são usadas na música ‘Call Me In The Name Of Death’, pois as usamos no vídeo. A minha sempre cai do rosto no show, pois não consigo tocar essa música parado.
Aquiles Priester –
Mentira deles... É por que somos feios pra caralho!!! hahahaha

Thiago - E a turnê, vocês fizeram alguns shows no nordeste e na América latina, tem previsão de mais shows em 2008, ou dependerá da agenda da banda Angra?
Nando Fernandes –
Hoje em dia nós temos total liberdade e prioridade para os trabalhos do Hangar.
Eduardo Martinez –
A minha prioridade é o Hangar. Aquiles até o momento não toca mais no Angra. Fábio Laguna provavelmente não será contratado novamente também. O Hangar está aqui para ficar. É uma banda de amigos que faz músicas loucas para agradar a nós mesmos. Se alguém mais gostou é por eles que continuaremos. Queremos e podemos seguir essa estrada e cumprir todos os compromissos que um trabalho como TROYC pode gerar.
Fábio Laguna –
Já temos muitos shows sendo confirmados. Iremos divulgar as datas em breve. Como não estou mais acompanhando o Angra, no que depender de mim, nenhuma outra atividade terá mais foco do que o Hangar no momento.

Thiago - Aquiles, prometo que farei poucas perguntas sobre a banda Angra, mas acaba sendo inevitável não tocar no assunto. A banda teve sérios problemas com o empresário atual. Todos sabem que o dono da marca Angra é a Rock Brigade. Segundo Rafael Bittencourt a banda conseguiu com que alguns empresários comprassem o nome do mesmo, como anda esse processo, estou correto nessas afirmações?
Aquiles Priester –
Pelo que sei a marca ainda não foi vendida, mas eles estão negociando. Eu não tenho sido chamado para participar dessas reuniões e já faz um tempo que não falo com os outros integrantes. Sempre fiquei a parte das negociações mais importantes da banda, pois não tenho participação na marca, logo isso não me diz respeito. Daqui a pouco pode ser que tenhamos algumas novidades, mas com certeza eu ficarei sabendo junto com a imprensa.

Thiago - Acredita que a banda cresceu bem mais do que a sua estrutura comportava?
Aquiles Priester –
Acho que não. Talvez o problema tenha sido mais administrativo do que qualquer outra coisa. Mas nesse ponto, todos os integrantes também têm culpa por terem deixado as coisas seguirem esses rumos.

Thiago - Caso a banda resolva isso o mais rápido possível, alguma previsão para lançamentos futuros, tanto de cds, como de dvds. Pergunto isso, pois os fãs vivem me perguntando sobre a situação da banda e nada como alguém de dentro para falar sobre o assunto.
Aquiles Priester –
É, mas como te falei, eu não estou tão por dentro assim...

Thiago - Mudando um pouco de assunto, todos os músicos da banda têm endorsement de diversas marcas, acredita que sem elas seria complicado fazer turnês desgastantes e com trocas constantes de instrumentos?
Nando Fernandes –
Com certeza, além da manutenção, seria inviável pra muitas bandas devido ao preço desses equipamentos, somos muito gratos a todos os parceiros e procuramos sempre fazer o melhor para representá-los.
Nando Mello –
Os endorsments são uma parte fundamental para evitarmos estes desgastes. Todos na banda têm seus patrocinadores individuais e alguns coletivos.
Fábio Laguna –
Sem o apoio dos patrocinadores, o que já é difícil seria praticamente impossível. Vou aproveitar para agradece-los: Mapex Drums, Paiste Cymbals, Evans Drum Heads, Pro-Mark Sticks, Staff Drum, Audio-Technica Microphones, Urban Boards PsychoShoes, Ciclotron Electronic Equipments, Shred Cases, Zoom Effects, Gibraltar Hardware, Meteoro Amplifiers, Spanich Pick Ups, D’Addario Strings, Wavebox Effects, Cheruti Guitars, Dean Guitars and Basses, GTR Electronics Services, Gilby Sweet Guitar Repair, Cases Proteção Capas, Korg Keyboards, Mr. Som Studio, Usersvoip, Consulado do Rock, Lady Snake Rock Wear e Power Click In Ear Monitors.

Thiago - Falei um pouco atrás sobre o timbre da bateria, mas gostaria de enaltecer o timbre de todos os instrumentos na gravação do disco. Vocês buscam a todo o momento o timbre perfeito ou ele vem naturalmente?
Nando Fernandes –
Eu particularmente conheço a melhor equalização para minha voz, essa experiência vem com as gravações que você faz ao longo de sua carreira, você já sabe o que quer ouvir.
Eduardo Martinez –
No caso do TROYC o timbre vem de uma combinação do amplificador Meteoro MAK 3000, Zoom G9 2tt, cabos Planet Waves, microfones Audio Technica, cordas D´addario, o trabalho do técnico e músico Heros Trench, da sala do estúdio Mr. Som e da fantástica mixagem do Sr. Tommy Newton. O guitarrista em questão entrou com algum suor. As guitarras base foram dobradas. Os solos não.
Fábio Laguna –
Eu sempre busco o timbre que se encaixa a música. Não precisa ser perfeito, mas tem que ficar inserido na música. Por exemplo, não sou muito fã de cordas. Quem ouviu o Freakeys vai entender o que estou dizendo. Mas de vez em quando é impossível não usar, porque é um timbre que casa muito bem com a guitarra.

Thiago - Banda Hangar, eu agradeço por essa entrevista e peço desculpas se disse algo inoportuno, mas garanto que muitos fãs irão ficar satisfeitos com essas respostas. O espaço é todo de vocês para maiores considerações.
Nando Fernandes –
Muito obrigado pela divulgação, e que fique claro que não nos cobraram nada por isso, rsrsrs, pela oportunidade de levar mais informações sobre a banda ao conhecimento de nossos fãs, e o mais importante, pelo prazer de falar sobre nosso tão bem falado CD ‘The Reason Of Your Conviction’ HANGAR.
Nando Mello –
Obrigado ao MR e convido a todos seus leitores a conhecerem o novo trabalho do Hangar, TROYC. Grande abraço e nos vemos na estrada.
Eduardo Martinez –
Obrigado pelo espaço Thiago, aguardamos todos vocês no fórum do site www.hangar.mus.br e principalmente no show!
Fábio Laguna –
Valeu Metal Revolution! Agora que finalmente tiramos o Hangar do hangar, rs, esperamos em breve aterrissar em sua cidade pra levar muito heavy metal para os seus ouvidos, ao vivo e a cores, rs. É só uma questão de tempo...
Aquiles Priester –
Obrigado por vocês acreditarem no estilo musical mais desacreditado do nosso país. São vocês que mantém os Fãs de heavy metal atualizados sobre no nosso universo. E muito obrigado também por todas as pessoas que tem nos motivado a seguir essa jornada. Amamos vocês!!