Lacrimosa – 31-03-2019 – São Paulo (Fabrique Club)

Texto por André Luiz – Fotos por Júlio Szoke – Edição por André Luiz

Em apresentação única no Brasil, a banda alemã Lacrimosa retornou à São Paulo, no palco do Fabrique Club, para performance válida pela “Time Travel World Tour 2019”. O grupo liderado por Tilo Wolff ao lado da finlandesa Anne Nurmi (ex-Two Witches) lançou em 22/mar/2019 a coletânea ‘Zeitreise’ – tradução para “viagem no tempo” –, celebrando as três décadas de carreira dos alemães e contendo algumas novidades como uma versão para faixa do álbum ‘Testimonium’ – último de inéditas do grupo, de 2017 – e duas canções inéditas. Baseado no set list deste “the best of”, o Lacrimosa leva o repertório da “Time Travel World Tour 2019” mundo afora – desde seu início em Kiev na Ucrânia dia 25/fev –, e neste clima de celebração visitaram novamente o Brasil para um grande público, o qual lotou as dependências da casa de shows paulistana na expectativa de ver o melhor dos alemães no palco.

O início fora atrasado em poucos minutos devido principalmente a entrada da massa de fãs no Fabrique Club. Às 20h10m iniciou-se o show com “Lacrimosa Theme”, a entrada de fãs e “Ich Bin Der Brennende Komet” do single de 1996 ‘Stolzes Herz’ regado a chuva de flores jogadas no palco pelo público e interação extrema entre Tilo e os presentes. “Obrigado, estamos aqui celebrando os 30 anos do Lacrimosa, tocaremos músicas de nossa história para os Lacrimaniacos” discursou um empolgado Wolff antes da faixa título do álbum de 2005 “Lichtgestalt”, em meio a bexigas preto e branco no ar – citando os 30 anos de Lacrimosa – dando o tom da festa.

A empolgação de Tilo e público não deixou o frontman menos atento a uma situação na pista do Fabrique Club: após ver uma criança de colo no meio dos fãs, o músico pediu gentilmente que a moça não ficasse ali devido volume alto do som e de pessoas ao redor deles, citando que “pode machucar a criança e se isso acontecer, estará machucando a mim também”. Enquanto os presentes aplaudiam veemente a atitude do alemão, o vocalista empunhou sua guitarra e deu início a “Nach dem Sturm” – ‘Testimonium’ de 2017 – com público ensandecido, gelo seco no ar e o guitarrista Henrik Flyman tocando seu instrumento durante toda música com uma das bexigas de 30 anos jogadas pelo público.

A primeira interação mais veemente de Anne no show veio durante “Schakal” – ‘Inferno’ de 1995 – levantando os presentes, com Tilo e seu gestual de mãos habitual mandando um “obrigado” em português ao final. Se o público agradou-se com a finlandesa na faixa anterior, a mesma fora literalmente ovacionada quando tomou o front do palco enquanto Wolff assumia os teclados em “Not Every Pain Hurts” do ‘Stille’ de 1997. Após efusivos aplausos, Nurmi retornou aos keyboards e Tilo levantou o público com a intro de “Der Morgen Danach” do ‘Fassade’ de 2001, sendo cantado em alto e bom som pelos presentes assim como a faixa seguinte, “Alleine Zu Zweit” do ‘Elodia’ de 1999 entoada em uníssono no Fabrique Club.

Tilo Wolff e Anne Nurmi vieram ao país acompanhados de Yenz Leonhardt (baixo), Henrik Flyman (guitarra), Jay P. Genkel (guitarra) e Julien Schmidt (bateria). Muito embora os holofotes se mantenham na dupla de vocais/tecladistas, JP esteve a todo momento no front interagindo elegantemente com os presentes, assim como também destacou-se a energia de Julien na bateria. Embora importante na sonoridade do Lacrimosa, tanto Yenz Leonhardt quanto Henrik Flyman se mantiveram 90-95% do show um tanto quanto escondidos no fundo do palco ao lado da bateria. Nesta toada, a faixa título do álbum de 1993, “Satura”, deu sequência no show, assim como “Bresso” do ‘Einsamkeit’ de 1992 e um duo solo excepcional de Tilo e Anne, destacando-se a aula de interpretação de Wolff – a angústia em pessoa. Mantendo-se apenas os vocais no palco, “Seele In Not” do debut ‘Angst’ de 1991 deixou o público em transe, explodindo em euforia com o retorno do restante da banda no meio da música.

Em meio aos gritos de “Lacrimosa” no Fabrique Club e Tilo com guitarra em punhos, a banda executou “Die unbekannte Farbe” do ‘Hoffnung’ de 2015. Anne assumiu o front do palco e em uma aula de interpretação fez os presentes vibrarem durante “My Pain” do último de estúdio do Lacrimosa. A finlandesa retornou aos teclados e Tilo comandou a pesada “Keine Schatten mehr” – mais uma do disco de 2015 – com guitarras e bateria dando o tom da faixa. Em meio a uma intro no teclado, público gritando o nome de Tilo, gelo seco no palco e o símbolo do Lacrimosa ao fundo, um dos principais momentos da noite veio à tona: “Stolzes Herz” – faixa título do single de 1996, também presente no álbum ‘Stille’ de 1997 – contou com bexigas vermelhas em formato de coração lançadas pelo público as quais arrancaram sorrisos de Tilo, dupla de guitarristas no front, Wolff deixou o palco para o solo de guitarra e retornou empunhando uma bandeira contendo o símbolo do Lacrimosa, Anne interagindo no vocal e público alvoroçado. O momento ímpar rendeu agradecimentos de Tilo pela ovação dos presentes e serviu de deixa para última faixa da primeira parte da apresentação, “Ich verlasse heut’ dein Herz” do ‘Elodia’ de 1999, com o baixo de Leonhardt dando o tom no início da faixa e show da dupla de guitarristas, até o fim da performance e os músicos deixarem o palco.

A “Time Travel World Tour 2019” contou com o lançamento da coletânea ‘Zeitreise’, e foi justamente deste “best of” que após o retorno da banda, Tilo portando uma bandeira do Brasil anunciou a faixa inédita “Im Schatten Der Sonne”, destacando Wolff e sua performance de palco tradicional com trejeitos de mãos. Anne retomou ao front e brindou a todos com o petardo “Thunder And Lightning” do disco de 2015; já com o público em alvoroço e chamas no telão ao fundo, “Feuer” do ‘Sehnsucht’ de 2009 agitou o Fabrique Club. “Vocês querem mais uma música?” questionou Tilo em meio as palmas e aplausos dos presentes, antes da faixa “Irgendein Arsch Ist Immer Unterwegs” – ‘Revolution’ de 2012 – encerrar a segunda parte do show. Mas ainda faltava algo…

Os músicos retornaram ao palco para o segundo encore, Tilo agradeceu e elogiou o público pela participação em toda apresentação dos alemães. Com Anne ao lado de Wolff, a banda executou uma das principais faixas da carreira do Lacrimosa, “Copycat” do ‘Inferno’ de 1995, a qual contou com a dupla arrasando nos vocais, Julien Schmidt espetacular na bateria e Leonhardt cantando parte da canção. A música que nomeia o EP de 1993 “Alles Lüge” foi a responsável pelo encerramento com pompa da performance do Lacrimosa às 22h23m. A apresentação pode ser resumida como um misto de elegância no palco com interação enérgica do público, surpresas promovidas pelos “lacrimaníacos” – como se referiu Tilo no início do show – e muita, mas muita qualidade no repertório mesclando a essência do gothic metal, darkwave e metal sinfônico os quais traduzem a sonoridade do Lacrimosa. Agradecimentos à Free Pass Entretenimento.

Set List lacrimosa:
Lacrimosa Theme
Ich Bin Der Brennende Komet
Lichtgestalt
Nach dem Sturm
Schakal
Not Every Pain Hurts
Der Morgen Danach
Alleine Zu Zweit
Satura
Bresso
Seele In Not
Die unbekannte Farbe
My Pain
Keine Schatten mehr
Stolzes Herz
Ich verlasse heut’ dein Herz

Im Schatten Der Sonne
Thunder And Lightning
Feuer
Irgendein Arsch Ist Immer Unterwegs

Copycat
Alles Lüge

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